O Conselho de Ética da Câmara aprovou, por unanimidade, o relatório do deputado Jairo Carneiro (PFL-BA) que pede a cassação do mandato do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) por quebra de decoro parlamentar. A votação foi aberta.
O pedido de cassação vai agora para a mesa da Câmara para em seguida ser votado pelo plenário. Serão precisos 257 votos dos 513 deputados para aprovar o pedido de cassação. Se a cassação for aprovada, o deputado fica inelegível por oito anos. Diferentemente do que aconteceu no Conselho de Ética, no plenário a votação será secreta e por meio de cédulas.
Por ser presidente do Conselho de Ética, o deputado Ricardo Izar (PTB-SP) não votou. Todos os outros 14 membros titulares votaram a favor do relatório: Chico Alencar (PT-RJ), Orlando Fantazini (PT-SP), Angela Guadagnin (PT-SP), Ann Pontes (PMDB-PA), Josias Quintal (PMDB-RJ), Nelson Trad (PMDB-MS),Benedito de Lira (PP-AL), Edmar Moreira (PL-MG), Gustavo Fruet (PSDB-PR), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Jairo Carneiro (PFL-BA), Robson Tuma (PFL-SP), Ciro Nogueira (PP-PI) e Júlio Delgado (PSB-MG).
A cassação foi pedida pelo PL que alegou, na representação enviada ao Conselho, que o parlamentar feriu o decoro ao denunciar, sem provas, a existência de um suposto esquema de pagamento de mesada a deputados para que votassem favoravelmente em projetos de interesse do governo.
Jefferson, que está também na lista de "cassáveis" do relatório conjunto das CPIs dos Correios e do Mensalão, confessou vários crimes - ao fazer suas acusações - entre os quais os de sonegação fiscal, tráfico de influência e crime eleitoral.
A sessão começou pouco depois das 10h, com tumulto. Os advogados Luiz Francisco Barbosa e Itapuã Messias falaram fora do momento autorizado e acusaram a CPI de estar cerceando o direito de defesa de Jefferson. Depois de um bate-boca com o relator Jairo Carneiro (PFL-BA), os advogados deixaram a sessão sob vaias.
Os advogados também pediram para apresentar por escrito uma defesa em relação ao que foi dito, tendo o requerimento negado pelo presidente do Conselho Ricardo Izar (PTB-SP), que chegou a interromper a sessão. Ao sair, Francisco Barbosa disse que é fascismo a decisão do Conselho.
- Isso não é sério. É fascismo - disse, para acrescentar em seguida:
- Não pensem que isso vai ficar barato. E nem termina aqui - ameaçou.
Ao chegar para sessão na Câmara, Luiz Francisco Correa Barbosa dizia acreditar que o plenário do conselho seria favorável ao seu cliente, já que, segundo ele, a opinião pública apóia Jefferson.
Na avaliação do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que é membro do Conselho, Jefferson não será cassado por ter feito denúncias sem provas, mas por ter se beneficiado de esquema de recebimento de dinheiro do empresário Marcos Valério, acusado de ser operador do mensalão.
- Não acho que ele vai ser cassado por ter feito as denúncias, mas por ter se beneficiado pelo esquema.É o início de processo de cassação que promete ser longo- avaliou.
JANTAR PARA JEFFERSON - Em jantar da bancada do PTB nesta quarta-feira, Jefferson afirmou que não gostaria de ter seu processo de cassação protelado. O encontro foi realizado na casa que ainda pertence à família do ex-presidente do PTB José Carlos Martinez, morto em 2004. Alguns detalhes do jantar foram relatados pelo líder do PTB na Câmara, deputado José Múcio Monteiro (PE), nesta quinta-feira.
- Foi um encontro de confraternização. O deputado Roberto Jefferson é muito querido por toda a bancada e havia dois meses não o víamos. Fomos dar um abraço de solidariedade a ele um dia antes da votação da cassação no Conselho de Ética. Não vamos fazer nada para atrasar o processo. Jefferson não quer nada disso. Ele disse que quer que tudo termine logo. Está confiante. Sabe que prestou um serviço importante ao país - disse.
O deputado Múcio Monteiro contou ainda que o encontro não teve nenhum caráter de conspiração. Afirmou que o Parlamento vive um processo de "autofagia" e que as pessoas precisam "conversar mais". Segundo o líder do PTB, Jefferson afirmou que ele "entrou em pé e, portanto, sairá em pé da Câmara". O deputado Múcio Monteiro contou ainda que o encontro não teve nenhum caráter de conspiração. Afirmou que o Parlamento vive um processo de "autofagia" e que as pessoas precisam "conversar mais". Segundo o líder do PTB, Jefferson afirmou que ele "entrou em pé e, portanto, sairá em pé da Câmara".
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