Um dos mais procurados assaltantes de residências do Rio, Pedro Machado Lomba Neto, de 25 anos, conhecido como Pedro Dom, foi morto por volta das 4h da madrugada desta quinta-feira numa troca de tiros com policiais da 22ª DP (Penha). A quadrilha de Pedro Dom agia nas zonas sul e oeste da cidade e era conhecida pela violência, pois costumava levar pânico às suas vítimas e espancá-las.
O laudo do IML mostra que Pedro Dom levou cinco tiros. O assaltante morreu devido ao um tiro de fuzil entre o estômago e o tórax. Outros quatro tiros atingiram o bandido pelo lado direito do corpo, sendo um no pé, um na mão, um no braço e um no ombro.
Com informações de que o bandido saíra da Vila dos Pinheiros, no Complexo da Maré, para se refugiar na Favela da Rocinha, a polícia montou um cerco com 15 policiais na saída do Túnel Rebouças, no Rio Comprido. Pedro Dom estava na garupa de uma moto XP, quando furou o bloqueio e foi perseguido pelos policiais. Na saída do túnel, ele lançou uma granada, que chegou a ferir o delegado-titular da 22ª DP, Eduardo Clementino, e um detetive.
Durante a perseguição, a moto foi atingida por disparos. O assaltante, então, correu cerca de 500 metros até o prédio de número 18 da Rua Alexandre Ferreira, na Lagoa, e foi baleado no playground. A caminho do Hospital Miguel Couto, ele não resistiu aos ferimentos e morreu. O motoqueiro, identificado apenas como Sandro, foi levado para a delegacia da Gávea.
Ligações telefônicas
O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, disse que o cerco ao assaltante foi resultado de uma escuta telefônica entre o motoqueiro e o assaltante, que acertaram o transporte da Vila do João para a Rocinha. Na conversa, Pedro Dom afirmou que jamais se entregaria à polícia e reagiria até ser morto. A polícia já acompanhava as ligações telefônicas dele há dois meses.
- Ele agia sempre drogado. Era viciado em cocaína e consumia muita droga antes de praticar o crime. Utilizava sempre um carro importado para abordar o edifício, com roupas boas e outros bandidos de aparência jovem e bem apresentados. Passou a se esconder na Rocinha e na Vila dos Pinheiros, onde tinha a ajuda de traficantes. E trocava mercadorias em troca dessa ajuda. Era um bandido violento, muito duro com as vítimas. Fazia ameaças graves às vítimas nos assaltos - disse Álvaro Lins, em entrevista ao telejornal "Bom Dia Brasil".
O corpo do assaltante chegou pouco antes das 13h ao Instituto Médico-Legal (IML). Vítimas do assaltante já estiveram na 15ª DP (Gávea) e foram encaminhadas ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) para tentar reconhecer as jóias roubadas que estavam na mochila de Pedro Dom.
Aliado
Aparentemente um jovem insuspeito, vestindo trajes elegantes e com um círculo de amigos de classe média, Pedro Dom desafiava a polícia. O bandido coordenava os assaltos a residências, infernizando moradores e policiais responsáveis pelas investigações para a sua captura e de seu bando. Sempre armada com pistolas, a quadrilha era apontada como responsável por diversos assaltos em prédios nos últimos meses.
Pedro Dom era aliado de um outro bandido de classe média, Maurício Chaves da Silveira, o Mauricinho Botafogo, preso durante a Operação Gente Fina, montada pela polícia para desbaratar quadrilhas formadas por jovens de classe média.
Num assalto a um prédio no Recreio, na zona oeste, ocorrido em julho deste ano, eles invadiram os apartamentos com pistolas e pelo menos uma granada e bateram em várias vítimas.
Segundo a polícia, recentemente Pedro Dom estava trabalhando para traficantes em favelas onde encontrava abrigo. Ele atuava como "soldado" do tráfico, pegando em fuzis, nas favelas Vila dos Pinheiros e Rocinha. Ainda de acordo com a polícia, o bandido tinha se aproximado de um criminoso conhecido como Xandão da Rocinha para praticar assaltos. Xandão teria levado o assaltante para a favela no último fim de semana, para fazer as pazes com o traficante Erismar Rodrigues Moreira, o Bem-Te-Vi, chefe da venda de drogas no morro.
Preso e condenado em 2001 a três anos de prisão por receptação e porte de armas, sua sentença foi convertida pela 20ª Vara Criminal em um ano de tratamento ambulatorial no Hospital Penitenciário Heitor Carrilho. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, ele deu entrada na unidade em 28 de novembro de 2001 e saiu em 6 de março de 2002. Em maio de 2003, Pedro foi preso por porte de drogas, mas acabou sendo solto. Ele apresentou um nome falso e foi liberado para responder ao inquérito em liberdade.