Como já era esperado, o deputado Pedro Henry (PP-MT) foi absolvido pelo plenário da Câmara das acusações de envolvimento com o mensalão. Com o quórum de 453 deputados, o relatório que livrou o ex-líder do PP da cassação recebeu 255 votos favoráveis e 176 contra, além de 20 abstenções e dois votos em branco. Em sua defesa, Pedro Henry disse que vinha vivendo um calvário durante nove meses, que foi acusado sem provas e que não teve "o sagrado direito da defesa".

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- Defender-se se uma acusação falsa deveria ser uma tarefa mais fácil, mas no mundo atual a realidade é diferente. A suspeição impede que a verdade seja ouvida. A grandeza do gesto de minha absolvição por este plenário talvez não seja suficiente para recompor o mal que isso me fez. Eu poderia usar a minha trajetória como elemento de defesa, mas eu não desejo que me julguem pela minha biografia, quero ser julgado pelos fatos, e eles mostram que sou inocente - afirmou.

O relatório original, do deputado Orlando Fantazzini (PSOL-SP), pedia a cassação de Henry, mas foi derrotado no Conselho de Ética. Em seu lugar, foi aprovado o relatório de Carlos Sampaio (PSDB-SP), que recomendava a absolvição.

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Henry disse que sua vida foi revirada e que ficou "à mercê de abutres, oportunistas de plantão que posam de vestais". Segundo ele, mesmo com a falta de provas, Fantazzini foi incapaz de reconhecer "a face da mentira". O relator respondeu:

- As provas estão nos autos. O depoimento do João Claudio Genu à Polícia Federal, que ratificou no Conselho de Ética que participou do esquema, e o próprio depoimento de Pedro Corrêa que confirmou que eles eram os articuladores do esquema do mensalão no partido - disse Fantazini.

Para derrubar o relatório no Conselho de Ética, por 9 votos a 5, o deputado do PP contou com o apoio até do PSDB e do PFL. O argumento a favor de Henry foi que o Conselho não conseguiu provar sua participação no escândalo, restando apenas a denúncia do deputado cassado Roberto Jefferson, de que ele era o chefe do esquema no PP. Para o relator, a decisão deixou evidente um acordo que envolveria PSDB, PFL, PT e PP. Foi a primeira vez desde que começou a crise política que o relatório foi derrotado.

A Câmara vota ainda nesta quarta o pedido de cassação do mandato do presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE). Condenado por 11 votos contra três no Conselho, Corrêa dissera que o julgamento no plenário seria diferente, pois ali ele tem muitos amigos e os deputados não seriam patrulhados pelo voto aberto. As chances de absolvição já foram maiores, mas os deputados retornam de suas bases sob o impacto negativo da dupla absolvição da semana passada - Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP) -, o que poderá pesar na decisão.

O deputado admitiu o recebimento de R$ 700 mil do empresário Marcos Valério, mas afirmou que usou o dinheiro para pagar o advogado de defesa do ex-deputado Ronivon Santiago (PP-AC). Segundo o relator Carlos Sampaio (PSDB-SP), Corrêa quebrou o decoro ao receber recursos irregulares, obtendo vantagem indevida. Isso teria sido comprovado pela informalidade incomum dos saques feitos por João Carlos Genu em nome da direção do partido, pela não prestação de contas ou comprovação da origem, e pelo testemunho de Valério.

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Durante a abertura da sessão do plenário, o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo, afirmou que pretende incluir na pauta do plenário da próxima semana mais dois processos de perda de mandato: os dos deputados Wanderval Santos (PL-SP) e João Magno (PL-ES).

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