O Mercosul, criado em 1991, tinha o objetivo de propiciar a livre circulação de pessoas, produtos e capitais entre os países membros em no máximo cinco anos (ou seja, até 1996). Trezes anos depois do fim do prazo, o bloco ainda está longe de ser um mercado comum ou uma entidade supranacional, a exemplo da Comunidade Europeia. Apesar disso e de muitos outros entraves, o Mercosul tem impulsionado uma integração econômica e social entre os países. E a entrada da Venezuela será um novo impulso a despeito das críticas em relação à democracia no país vizinho. Essa é a opinião de especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo.
O ingresso da Venezuela no Mercosul deve elevar consideravelmente o potencial econômico do bloco para o Brasil. Os brasileiros exportam anualmente US$ 5,1 bilhões ao país vizinho. A expectativa é de que possa haver um incremento nessas cifras. Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, o comércio entre Brasil e Argentina, os dois maiores países do Mercosul, por exemplo, aumentou 354% entre 2002 e 2007, passando de US$ 7 bilhões para US$ 24,8 bilhões.
O professor de negócios internacionais Antoninho Caron, do Centro Universitário FAE, de Curitiba, lembra que a Venezuela abre um grande mercado para as empresas brasileiras. "70% dos produtos consumidos lá hoje são importados. Na maioria dos Estados Unidos, União Europeia e China. Esse mercado pode ser ocupado pelo Brasil", diz Caron, que participou de diversas missões de integração comercial do Mercosul.
Ele explica ainda que, a partir da entrada no Mercosul, a Venezuela terá de aderir à Tarifa Externa Comum (TEC), que garante a desoneração de impostos na importação de produtos do Mercosul apesar deste mecanismo não ser aplicado a todos os setores produtivos. "Nossos produtos vão chegar mais baratos (ao mercado venezuelano)."
O ingresso da Venezuela no Mercosul também deve permitir aos brasileiros a livre entrada e circulação no país vizinho (apenas com a apresentação da carteira de identidade). Também será garantida a oportunidade de migração para residência e trabalho.
Caron reconhece, porém, que o presidente Hugo Chávez poderá causar problemas políticos, por causa de seu estilo administrativo. "Ele tem um regime demagógico popular, personalista, com pouca abertura para a negociação."
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