Pelo menos 70 unidades prisionais do estado de São Paulo pararam total ou parcialmente as atividades nesta quinta-feira em protesto pela morte do agente penitenciário Nilton Celestino, que trabalhava no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Itapecerica da Serra. A paralisação, de 24 horas, começou à meia-noite. Ele foi enterrado no cemitério de Itapecerica da Serra em clima de muita revolta. Os colegas que compareceram ao enterro afirmaram que agora qualquer um pode ser o alvo.

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O balanço é do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de São Paulo (Sindasp), que informa que em 41 unidades prisionais houve paralisação total das atividades. Já a secretaria de Administração Penitenciária reconhece que o movimento atingiu 19 unidades do estado.

Cruzaram os braços, segundo a SAP, os trabalhadores da Penitenciária 2 de Guarulhos (Adriano Marrey), Centro de Detenção Provisória I de Guarulhos, CDP I de Osasco, CDP II de Osasco, CDP de Vila Independência, CDP Belém I, CDP Belém II, CDP de Mauá, CDP de São Bernardo do Campo, CDP de Diadema, Vale do Paraíba, Mogi das Cruzes, Ribeirão Preto, Penitenciária I de Serra Azul e Penitenciária I de Guareí.

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Os agentes compareceram ao trabalho, mas restringiram as atividades dos detentos. Eles foram mantidos nas celas e não tiveram atividades rotineiras como recreação, banho de sol, assistência psicológica, jurídica, visitas e cursos. Apenas os os serviços de alimentação, atendimento médico de urgência e vigia nas muralhas foram mantidos.

No CDP de Americana, houve uma tentativa de fuga, que foi impedida. Também no CDP de Parelheiros, houve uma ameça de fuga, não realizada. A SAP reconheceu a tenativa no CDP de Amaericana, mas negou que houve tumultos em outras unidades.

Cícero dos Santos, o Sarnei, presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de São Paulo (Sindasp), disse que o objetivo da greve é manifestar indignação e revolta com o assassinato do agente Nilton Celestino, de 41 anos. Ele era considerado um excelente funcionário e foi morto quando saída de casa para fazer bico de pedreiro e complementar o orçamento doméstico.

Na manhã de quarta-feira, ele foi morto a tiros por três homens na porta de casa. A polícia não descarta novos ataques, já que uma facção criminosa teria ordenado a morte de 15 agentes em todo o estado. De acordo com a polícia, a ordem para matar o agente partiu de dentro de um presídio.

O presidente do sindicato disse que uma nova paralisação de 24h ocorrerá na semana que vem, dia 3 de julho. Segundo decisão do sindicato tomada após os ataques do crime organizado no mês passado, toda vez que um funcionário for assassinado haverá greve de 24 horas. Entre as unidades que estão paradas 21 são da capital e Grande São Paulo e 20 da região oeste do estado. Em média, cada unidade tem 150 funcionários. No interior, o efetivo é sempre maior. Nesse ano, 10 agentes foram assassinados, nove em maio e um ontem.

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- E ainda há sempre boatos de novas mortes. Os agentes não estão com medo, mas certamente apreensivos. Não sabemos de onde o perigo vem. Viramos alvo, a bola da vez dos bandidos - disse santos.

Segundo ele, mais de 500 agentes foram feitos reféns este ano nos Centros de Detenção Provisória (CDPs). As unidades prisionais têm 20.400 agentes, mas, de acordo com o presidente do sindicato, apenas 12 mil atuam no cargo. Ele disse que um terço do efetivo foi desviado para outra função, na área administrativa e de enfermagem, por exemplo. Outros 10% não trabalham por problemas de saúde.

O sindicato pede a regulamentação do porte armas para a categoria, prevista desde 2003 no estatuto do desarmamento. O sindicato acredita que armado o agente terá chance de defesa caso seja atacado. Entre as unidades paradas hoje estão Itapecerica da Serra, Belém, Vila Independência e Mauá. Em Belém, uma aviso foi colocado nesta quarta-feira informando que a entrega de alimentos pelos parentes dos presos foi suspensa.

O governador Cláudio Lembo afirmou que não há risco de novas rebeliões com a greve dos agentes penitenciários.

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