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Pelo menos duas fazendas invadidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) durante o carnaval no Pontal do Paranapanema, na região de Alta Paulista, no Oeste de São Paulo, foram desocupadas neste sábado (24).

Ao todo, 13 fazendas do Pontal foram ocupadas no Pontal do Paranapanema. Neste sábado, houve uma 14ª ocupação, desta vez em Araçatuba. Cerca de duzentas famílias do MST invadiram a fazenda Floresta.

Em entrevista ao G1 no fim da manhã deste sábado, José Rainha Júnior, um dos principais líderes do MST, afirmou que as 13 fazendas já estavam desocupadas. "Não tem mais ninguém nas áreas. Foram todos para as beiras das estradas", declarou.

Segundo Rainha, as 1.052 famílias que ocupavam as propriedades na região aguardam agora a aproximação do secretário da Justiça, Luiz Antonio Marrey, que disse que não negociaria enquanto houvesse invasões.

"Sabemos que a solução para o problema não é fácil, mas queremos ouvir uma proposta, um plano de metas. Ele disse que só negociaria se saíssemos e demonstramos a nossa parte".

Rainha diz que não estão planejadas mais invasões no Pontal do Paranapanema até que o governo volte às negociações "Mas só posso garantir por essas famílias que eu lidero. O MST tem muitos segmentos diferentes".

Os proprietários de terras, no entanto, não confirmam a desocupação das 13 fazendas. De acordo com o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Luiz Antonio Nabhan Garcia, apenas em duas foram cumpridas as reintegrações de posse: na fazenda Santo Antônio, em Piquerobi, e na fazenda Cachoeirinha, em Itapura.

"Oficialmente, são essas duas fazendas. Se eles saíram voluntariamente das demais, não temos informação ainda", afirmou Nabhan Garcia.

A Polícia Militar de Presidente Prudente disse que até a manhã deste sábado (24) apenas na fazenda de Piquerobi foi concretizada a reintegração.

Cartas

Durante a manhã deste sábado, a UDR e os 28 sindicatos que compõem a União dos Sindicatos Rurais do Oeste paulista (Usirop) assinaram duas cartas, uma para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outra para o governador de São Paulo, José Serra. Os dois documentos devem ser protocolados na segunda-feira (26).

Na carta ao presidente Lula, os ruralistas sugerem a implantação de uma colonização agrária, em moldes diferentes da atual reforma agrária. "Qualquer pessoa com RG e CIC se cadastra para ter terra, pessoas da zona urbana que nunca tiveram terra, isso vira uma grande favelização rural. A reforma agrária está ultrapassada. Precisa de colonização, com seleção criteriosa de pessoas que têm condições de produzir, dar prazo de 20 a 30 anos de pagamento. Feita por pessoas sem viés ideológico, sem vínculos com movimentos."

Para o governador Serra, serão três pontos principais. O primeiro será uma crítica ao secretário de Justiça, Luiz Antonio Marrey, que "após diversas solicitações, ainda não recebeu representante dos produtores rurais".

O segundo ponto também se refere ao secretário Marrey. Eles questionam a posição do secretário em receber líderes do MST. "Na nossa ótica, seria uma espécie de incentivo à pratica criminal. Invasão é crime. Eles fizeram uma afronta ao governo do estado. Afirmaram que invadiram para para pressionar o estado e o secretário demonstra que a prática delituosa vale a pena. Precisaremos invadir a secretaria para sermos recebidos?"

A terceira reivindicação é transferir a negociação com os produtores de terra sobre as invasões para a pasta de Agricultura, que então faria o contato com a secretaria de Justiça. "Conhecimento técnico facilita bastante esse diálogo", afirmou Nabhan Garcia.

Outro produtor afirmou que os ruralistas cobrarão ações para criminalização das invasões. "Vamos cobrar a criminalização dessas ações. Cobrar ação do exército, uma vez que alguns ministros estão até dizendo que a invasão é permissível. Com as ordem judiciais eles saem e amanhã podem voltar", disse Jacob Tosello, do Sindicato Rural de Presidente Prudente.

CUT

Nabhan Garcia, presidente da UDR, afirmou que os proprietários estão reforçando as ações para que os participantes das invasões sejam identificados. "Queremos que respondam civil e criminalmente por seus atos. A CUT (que está apoiando as invasões) deve ser responsabilizada. Vamos processá-los em todos os aspectos, por formação de quadrilha, danos. Pediremos indenização", disse.

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