Pelo menos outros sete deputados federais e dois ex-parlamentares da Câmara Federal estão envolvidos de alguma forma, como vítimas ou não, no esquema de venda paralela de bilhetes aéreos. O Ministério Público Federal (MPF) já abriu investigação oficial para apurar a participação do ex-deputado federal Lino Rossi (PP-MT) e de sua suplente, a também ex-parlamentar Thais Barbosa (PMDB-MT), no comércio clandestino de bilhetes aéreos da cota da Câmara.
Paralelamente, uma sindicância aberta pela direção da Casa analisa outros casos suspeitos de comércio clandestino de passagens da cota parlamentar. A comissão deve apresentar um parecer dentro de 60 dias.
Os deputados Paulo Roberto (PTB-RS) e Fernando de Fabinho (DEM-BA) tiveram bilhetes de suas cotas vendidos para o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e para o ministro Eros Grau, também do STF. Ambos viajaram sem saber que estavam utilizando passagens emitidas em nome de deputados federais. A comissão de sindicância da Câmara foi aberta por pressão do Supremo, após esse fato ter se tornado público, no último dia 17.
Pedidos
Outros deputados federais pediram que a sindicância investigue a emissão de passagens pelos seus próprios gabinetes. Segundo os responsáveis pelas investigações, os deputados Otávio Leite (PSDB-RJ), Nazareno Fonteles (PT-PI), Vieira da Cunha (PDT-RS), Nelson Marquezelli (PTB-SP) e João Carlos Bacelar (PR-BA) também teriam encontrado nomes de pessoas desconhecidas em suas cotas de bilhetes aéreos.
Ontem, a Câmara informou que a comissão de sindicância também vai investigar os casos dos deputados Aníbal Gomes (PMDB-CE), Dilceu Sperafico (PP-PR) e Vadão Gomes (PP-SP). Reportagem publicada na Folha de S.Paulo na sexta-feira mostra que bilhetes aéreos de suas cotas parlamentares foram vendidos a terceiros por uma agência de viagens.
Punição
O 2º vice-presidente e corregedor da Câmara Federal, deputado ACM Neto (DEM), defendeu ontem punição dura para os envolvidos no suposto esquema de venda de passagens compradas com a cota da Casa para agências de turismo. "Se isso ficar comprovado, os deputados envolvidos devem ser cassados e os servidores demitidos imediatamente", ressaltou o deputado baiano.
A legislação proíbe que a Câmara comercialize passagens ou use agências, sem licitação, como intermediárias. As agências tampouco podem aceitar créditos da Câmara como forma de pagamento para viagens.
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