Ser prefeito de Curitiba ou de qualquer capital brasileira é uma grande responsabilidade. Mas o próximo prefeito, seja ele quem for, terá obrigações extras. As expectativas da população estão muito altas. O eleitor quer mudança, quer uma cidade diferente, quer gestores diferentes, quer um novo estilo. Justamente por isso o atual prefeito, Luciano Ducci (PSB), ficou de fora do segundo turno.
Quem assumir o Palácio 29 de Março vai ter de administrar a cidade com essa dose extra de pressão e cobrança. As demandas são as mesmas de todas as eleições municipais recentes saúde, educação, transporte, trânsito, segurança. Mas, agora em 2012, o eleitorado chegou ao limite da tolerância, não se contenta mais com o que está sendo ofertado.
Além de uma grande atuação nas áreas de saúde, educação e segurança (em parceria com o governo estadual), o próximo prefeito também precisa imprimir sua marca em coisas menores, mas que fazem parte do cotidiano de uma metrópole como Curitiba e que podem causar grande impacto na nossa qualidade de vida. Querem exemplos? Eu fiz uma listinha, com dez ações que gostaria de ver concretizadas poderia ser mais, mas ia faltar espaço. Com certeza muitos não concordarão, mas é a minha relação.
1) Seria tão bom chegar ao ponto de ônibus e ver uma listagem com a previsão do horário que as linhas passam por ali. Não preciso de nenhuma tela sofisticada, um pedaço de papel protegido, como as propagandas, seria suficiente.
2) Falando em ônibus, facilitaria muito a criação de novas linhas circulares, como a do Circular Centro, cuja tarifa atualmente é de R$ 1,60, um real a menos do que a tarifa comum.
3) No trânsito, uma coisa que irrita qualquer motorista é a falta de sincronia de semáforos. Claro que há uma hierarquia de ruas e fluxos, e nem todas as ruas podem ser sincronizadas. Mas quando a prefeitura faz um anel viário, ou elimina pista de estacionamento para tornar uma via mais rápida, é de se esperar que os semáforos desta rua sejam bem programados.
4) Quando caminho pelas ruas de Curitiba, acho um absurdo a quantidade de lixo deixada nas calçadas por restaurantes e similares. Neste caso, acredito que a prefeitura deveria punir os grandes geradores de lixo que não cuidam da destinação final.
5) Esse foi um tema durante as eleições: a grande quantidade de pichações em Curitiba. A cidade sempre teve fama de ser mais limpa e organizada, mas, se a prefeitura não tomar alguma providência, ficaremos imersos na sujeira. A poluição visual causada pelas pichações demonstra que não há presença do poder público, e isso é uma porta aberta a qualquer tipo de criminalidade.
6) Ciclovias, ciclovias e ciclovias. Mas não as do tipo ciclofaixas, que funcionam apenas aos domingos e demandam uma grande quantidade de agentes de trânsito para sinalização. Ciclovias de verdade, sem muita firula, apenas para andar com segurança.
7) Museus e parques abertos todos os dias. Algumas atrações turísticas de Curitiba, como a Ópera de Arame, fecham às segundas-feiras. Com isso, perdemos muita receita turística. Os comerciantes da região dizem que muitas famílias chegam na segunda, após passar o fim de semana em Santa Catarina, por exemplo, e dão com a porta na cara. Além disso, muitos trabalhadores têm folga apenas na segunda-feira.
8) Muitos dos nossos parques e praças estão abandonados. Aquela academia ao ar livre não é dos equipamentos mais bonitos, mas é ótima por atrair a comunidade para ocupar o espaço público. Preste atenção: onde há uma academia dessas há gente. Mas é hora das crianças serem contempladas também. Aqueles brinquedos de ferro são muito ultrapassados, os pequenos precisam de coisas mais interessantes para brincar.
9) Bancos públicos, confortáveis, de preferência. Em Londres há bancos lindos, com propaganda talhada na madeira, sem causar poluição visual. Em Curitiba não temos onde sentar. No bairro turístico de Santa Felicidade, não dá para alguém parar e ver o movimento, não há um banquinho sequer. Mesmo onde há bancos, como nos parques, não podemos sentar, pois estão todos tortos, com madeira caindo ou parafusos soltos.
10) Publicidade com fins educacionais ou de utilidade pública, apenas. O poder público tem obrigação de dar publicidade a seus atos. Mas nossos governantes acabam desvirtuando isso e gastam milhões em autopromoção. Sou da opinião de que as informações devem estar disponíveis na internet e nos órgãos governamentais, mas que não há necessidade de ocupar horário nobre na tevê ou no rádio ou em jornais e revistas para esse tipo de coisa. A publicidade educacional é outra coisa, bem diferente, e deve ser retomada, pois foi quase esquecida nos últimos anos. Que esta disputa eleitoral de Curitiba sirva de recado a todos os governantes: não adianta gastar milhões de reais para fazer autopromoção e ficar falando de obras. Se desse certo, Luciano Ducci estaria no segundo turno.
Deixe sua opinião