"Não fui eleito para fazer a mesmice."Do presidente Lula, ontem, ao prometer que discutirá as reformas previdenciária e trabalhista em seu segundo mandato.
O superintendente do Porto de Paranaguá, Eduardo Requião, não aceitou a colaboração que o Conselho Regional de Engenharia (Crea) quer oferecer para melhorar a administração portuária no Paraná. Há razões para a recusa, nascida de alguns erros estratégicos cometidos pelos idealizadores da iniciativa.
O Crea constituiu a "Comissão Mista para Controle Social do Complexo Portuário do Paraná", formada por 40 entidades e notáveis da área, dentre os quais o próprio Eduardo Requião, para estudar a situação e sugerir medidas. Mesmo sem saber que resultados podem surgir dos trabalhos, o superintendente se recusou a participar já da primeira reunião. Alegou que o grupo representaria um lobby em favor da privatização.
De fato, a intenção não era essa: pelo contrário, a idéia inicial era de oferecer suporte técnico e sobretudo político às diretrizes do governo em relação ao porto. Mas a presença dentre os 40 membros de alguns críticos da atual administração fez surgir o risco de perda de controle e o tiro sair pela culatra. Por isso Eduardo Requião prefere ficar de fora para depois não precisar coonestar os resultados da comissão.
Correligionário
O idealizador da comissão foi o presidente do Crea, Álvaro Cabrini, ligado e apoiado pelo ex-presidente da instituição Luiz Antonio Rossafa, atual diretor corporativo da Copel e um dos mais antigos amigos e correligionários políticos do governador Roberto Requião. Essa proximidade é que levava à suspeita de alguns observadores de que a comissão patrocinada por ambos tinha só o objetivo de apoiar o governo.
Cabrini não gostou da reação de Eduardo Requião, que pode pôr a comissão a pique.
Hermas tem pressa
Mesmo indicado pela Assembléia para ocupar uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas, o deputado Hermas Brandão continua lutando pelo objetivo que considera bem melhor: o 6.º Cartório de Protestos de Curitiba. Na tentativa de conseguir mais rapidamente esse objetivo, ele entrou ontem com mandado de segurança no Tribunal de Justiça e ontem mesmo obteve liminar favorável do desembargador Moacir Guimarães, presidente em exercício do TJ.
Por meio desse mandado, Hermas pretende que o Conselho da Magistratura reinicie imediatamente os procedimentos para a realização do concurso de remoção de cartorários, suspenso no último dia 12 por despacho do corregedor, desembargador Leonardo Lustosa, que prefere esperar o julgamento pelo STF de ação de inconstitucionalidade proposta pela Associação dos Notários (Anoreg) contra a lei estadual que mormatiza as remoções. Cartorário em Andirá, Hermas é um dos inscritos para remoção para Curitiba e prefere amparar-se nessa lei enquanto ela estiver vigindo. Daí a sua pressa.
O conselho decidiu pela suspensão do concurso por concordar com os argumentos da Anoreg, segundo os quais a lei estadual elaborada e aprovada pela Assembléia, com Hermas na sua presidência fere o princípio da isonomia e pode favorecer alguns interessados, dentre os quais o próprio Hermas. Outro interessado é o deputado Caíto Quintana, que também disputa, por remoção, um cartório de protestos (recém-criado em São José dos Pinhais).
Hermas Brandão já declarou que, se conseguir a remoção, renunciará à cadeira no Tribunal de Contas.
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