O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), volta a ser o centro das atenções na terça-feira (4), quando a CPI mista do caso Cachoeira deverá ouvir o depoimento do empresário Walter Paulo Santiago, que será questionado sobre suas relações com o governador e com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Em especial sobre a venda de uma casa do governador que teria servido ao contraventor. Segundo o governador, a casa, localizada em um condomínio de luxo em Goiânia, foi comprada por Walter Paulo, que é dono de uma faculdade. A negociação tornou-se mais nebulosa na semana passada, quando o ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia Wladimir Garcez disse, em depoimento à CPI, ser o verdadeiro comprador do imóvel.

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Aos parlamentares, Garcez, que está preso, revelou ter desembolsado R$ 1,4 milhão em troca da casa. Ele teria tomado o dinheiro emprestado de Cachoeira e do ex-diretor da Delta Centro-Oeste Cláudio Abreu. O governador sustenta que vendeu o imóvel a Walter Paulo, um dos homens mais ricos de Goiás, e que o ex-vereador serviu apenas de intermediário no negócio.

No mesmo depoimento, o ex-vereador disse que, depois, a casa foi repassada a Walter Paulo porque não conseguiu o dinheiro para acertar os empréstimos contraídos para a compra. O ex-vereador disse à CPI que trabalhava como consultor da Delta e de Cachoeira.

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Na quinta-feira passada, após o depoimento de Garcez, Walter Paulo enviou uma carta ao presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), na qual confirmou a versão do governador. O empresário também informa que não esteve pessoalmente com o governador para negociar ou pagar pelo imóvel. Se a dúvida sobre a negociação do imóvel permanecer, o assunto deverá ser levantado novamente na próxima semana, quando o próprio Perillo deve prestar depoimento à CPI.

Nesta segunda-feira, o senador Pedro Taques (PDT-MT) formaliza seu requerimento para convocar o radialista Luiz Carlos Bordoni, que disse ter recebido pagamento da empresa Alberto & Pantoja Construções por trabalho prestado à campanha de Perillo. O pagamento foi feito em um depósito de R$ 45 mil na conta da filha de Bordoni, Bruna Bordoni, que, segundo Taques, foi nomeada para trabalhar no gabinete do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).

A Alberto & Pantoja seria uma das empresas fantasmas usadas por Cachoeira para lavar o dinheiro da Delta Construções, segundo relatório da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.

"Parece-me que este senhor (o radialista) pode prestar esclarecimentos relevantes para a continuidade dos trabalhos da CPI", diz Taques.

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), afirma que não tem problemas em votar esse requerimento. O PSDB queria que o depoimento do governador de Goiás fosse esta semana e não na próxima, como ficou marcado.

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"Se houver sessão administrativa, podemos votar. É só o relator colocar na pauta. Como é contra o Marconi, eles (governistas) votam rápido. Só não quiseram ouvir o Marconi agora", disse Dias.

O senador tucano vai insistir na votação do requerimento para convocação do empresário Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, e na quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. Também quer a convocação do ex-diretor-geral do Dnit Luiz Antônio Pagot, que disse neste fim de semana às revistas "IstoÉ" e "Época" ter sido procurado por tucanos e petistas interessados em dinheiro para campanhas eleitorais.

O vice-presidente da comissão, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), disse que novas convocações, incluindo a do dono da Delta, ainda não estão definidas: "A convocação do Cavendish ainda não foi apreciada. Precisamos ver com os líderes se haverá aprovação ou rejeição", disse Teixeira, evitando entrar no mérito da decisão, alegando que caberá aos integrantes da CPI decidirem.

O deputado Sílvio Costa (PTB-PE), integrante da CPI que protagonizou uma barulhenta cena semana passada diante do silêncio do senador Demóstenes Torres, disse que vai propor a revisão do cronograma da CPI: "Acho que deveríamos adiar os depoimentos para antes analisar os documentos que estão chegando, como a quebra dos sigilos. Caímos no equívoco de deixar o senhor Cachoeira pautar a CPI. Depois que ele se recusou a falar, todos fizeram o mesmo."

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