A perita do Ministério Público Estadual Mônica Semeraro afirmou em interrogatório à Justiça que as contas do ex-prefeito Paulo Maluf eram abastecidas com dinheiro de obras da prefeitura paulistana. Mônica é testemunha de acusação e analisou laudos de movimentação em contas na Suíça, França e Estados Unidos. Ela chegou à conclusão de que o dinheiro da conta Chanani pertence a Paulo Maluf.
Nesta terça-feira a Justiça Federal iniciou a fase de interrogatórios das testemunhas de acusação contra Paulo e Flávio Maluf. A perita do Ministério Público Estadual, Mônica Semeraro, foi interrogada por cerca de cinco horas. Ela detalhou a análise técnica das transações financeiras das contas atribuídas aos Maluf na Suíça, na França e nos Estados Unidos. A perita disse à juíza Silvia Maria Rocha que tecnicamente é possível comprovar que estas contas eram abastecidas por recursos de obras públicas da prefeitura paulistana. A perita disse ainda que estas contas apresentavam movimentações financeiras integradas.
O ex-prefeito e o filho dele acompanharam o interrogatório na condição de réus. Mônica relatou que eles aparentavam abatimento.
- Aparentemente sim, teatralmente abatidos. Tanto Paulo Maluf quanto Flávio Maluf estavam com barba por fazer, querendo demonstrar tristeza, abatimento.
Também foi interrogado nesta terça-feira o ex-gerente do Banco Safra de Nova York Laércio Brandão. Ele foi responsável pela abertura da conta Chanani, atribuída a Paulo Maluf.
Nesta madrugada Paulo e Flávio Maluf deixaram o prédio do Tribunal Regional Federal, na região central de São Paulo, em carros da Polícia Federal, pouco depois da 1h. Os dois acompanhavam o interrogatório da perita do Ministério Público, Mônica Semeraro, e do ex-gerente do Banco Safra de Nova York Laércio Brandão Teixeira Filho. Os depoimentos começaram às 14h de terça-feira.
O advogado de Flávio Maluf, José Roberto Batochio, considerou os depoimentos favoráveis aos dois réus.
- Temos a impressão de que aquele laudo feito pelo Ministério Público Estadual foi totalmente desmoralizado e com referência à testemunha que depôs, ela não conhece Paulo e Flávio Maluf. Eu diria que foi uma audiência satisfatória para a defesa.
Ainda segundo Batochio, um novo pedido de revogação das prisões deve ser feito.
Para o advogado Francisco Lobo da Costa Ruiz, que defende Simeão Damasceno, ex-diretor da empreiteira Mendes Junior, os depoimentos desta terça-feira desmentiram as denúncias do doleiro Vivaldo Alves.
- O que ele vem afirmando e o que ele disse na declaração passada em cartório está confirmado. A própria testemunha principal do Ministério Público foi desmentida na presente audiência. A prova do Ministério Público não ficou confirmada pela nossa ótica.
A procuradora da República Ana Mara Disordi deixou o prédio do Tribunal Regional Federal dizendo que não podia dar qualquer informação sobre os dois interrogatórios porque o processo está sob segredo de Justiça. Ao saírem do TRF, Paulo e Flávio Maluf foram levados novamente para a carceragem da Polícia Federal, onde estão presos desde o dia 10 de setembro.
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