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O deputado Gustavo Perrella (SDD) usou parte da verba indenizatória a que os deputados estaduais têm direito mensalmente na Assembleia Legislativa de Minas Gerais para abastecer o helicóptero da sua empresa, apreendido no domingo passado com 443 kg de cocaína. Nas prestações de contas apresentadas pelo deputado ao Legislativo Estadual, foram gastos neste ano ao menos R$ 11.253,44 com combustíveis para aeronaves. O mais recente registro de compra do combustível é 1º de outubro.

A prestação de contas do mês de novembro ainda não está disponível. Após o encerramento do mês, o deputado tem até três meses para apresentar as notas fiscais cujos valores são reembolsáveis, segundo informou a Assembleia, por meio da sua assessoria.

Até R$ 5.000 dos R$ 20 mil da verba mensal indenizatória podem ser usados com combustível, sem distinção de transporte, seja carro, seja avião. Segundo a Assembleia, além desse limite de 25% da verba, o combustível tem de ser usado na atividade parlamentar. Na prática, contudo, o deputado não tem de comprovar o motivo de uma determinada nota fiscal ter sido apresentada para reembolso.

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que trabalha para Gustavo Perrella e para o pai dele, o senador Zezé Perrella (PDT-MG), disse que o uso da aeronave da Limeira Agropecuária pelo deputado ocorre "uma, duas vezes por mês". Ele disse ainda que "em 90% das vezes em que o helicóptero era usado para atividade profissional". Segundo Kakay, "não há irregularidade" no uso da verba indenizatória para a compra de combustível para a aeronave. Segundo o deputado, a última vez que a verba foi usada foi em 1º de outubro.

Gustavo Perrella foi intimado pela Polícia Federal para prestar esclarecimentos sobre o uso do helicóptero pelo piloto Rogério Almeida Antunes, que trabalhava para o deputado e foi ainda nomeado por ele para cargo na Assembleia Legislativa, recebendo por mês R$ 1.700.

O piloto, que está preso na PF do Espírito Santo, foi demitido do Legislativo, mas ninguém ainda explicou o que ele fazia lá e nem se ele se apresentava regularmente para o trabalho. A Assembleia diz que a explicação deve ser do deputado, que joga a questão para a secretaria da Mesa, que a devolve para o gabinete de Perrella.

Segundo o delegado da PF Leonardo Damasceno, até agora não há prova de envolvimento da família Perrella ou da empresa dele com o tráfico de cocaína. Kakay disse que seu cliente autorizou que o piloto fizesse frete particular para ajudar nas despesas da aeronave, o que seria uma coisa comum, mas nunca soube que seria usado para tráfico.

O piloto também nega que soubesse que transportaria cocaína. Ele atribuiu a responsabilidade da carga ao copiloto. Além do deputado, de uma irmã e do primo dele, todos sócios na Agropecuária, foram intimados pela PF a prestar esclarecimentos. Kakay não disse quando isso vai ocorrer.

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