Grupos que representam militares da reserva criticaram em nota os membros da Comissão da Verdade. Criada pelo governo, a comissão, formada por sete integrantes, apura violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, em especial na ditadura militar (1864-1985).A nota é assinada pelo presidente do Clube Militar, general de exército Renato Cesar Tibau da Costa; pelo presidente do Clube Naval, vice-almirante Ricardo Antonio da Veiga Cabral; e pelo tenente-brigadeiro-do-ar Ivan Moacyr da Frota.

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O texto foi divulgado por causa do aniversário de 49 anos do golpe que instaurou a ditadura no dia 31 de março de 1964. "Que não venham, agora, os democratas arrivistas, arautos da mentira, pretender dar lições de democracia. Disfarçados de democratas, continuam a ser os totalitários de sempre", afirmam os militares.

Eles criticam o fato de a comissão decidir investigar apenas os crimes cometidos pelos agentes do Estado. "Ao arrepio do que consta da lei que criou a chamada Comissão da Verdade, os titulares designados para compô-la, por meio de uma resolução administrativa interna, alteraram a lei em questão limitando sua atividade à investigação apenas de atos praticados pelos agentes do Estado, varrendo 'para debaixo do tapete' os crimes hediondos praticados pelos militantes da sua própria ideologia", completam.

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A assessoria da Comissão da Verdade informou que não vai se manifestar. A nota dos clubes ainda elogia a história das Forças Armadas lembrando a participação na Segunda Guerra Mundial. "Certamente esta é uma das principais razões pela qual a população brasileira atribui às Forças [Armadas] o maior índice de credibilidade, entre todos os segmentos nacionais que lhe são apresentados."

Segundo eles, foi esse o motivo que levou a população a apelar aos militares para que, em 1964, interviessem contra um "governo que, minado por teorias marxistas-leninistas, instalava e incentivava a desordem administrativa, a quebra da hierarquia e disciplina no meio militar e a cizânia entre os poderes da República".

O golpe militar depôs o governo João Goulart (1961-1964), que era considerado de esquerda.