A pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) mostra que o índice de credibilidade da Justiça é menor entre os brasileitos mais pobres e com menor escolaridade. No grupo de pesquisados com renda de até R$ 1 mil, a confiança no Judiciário atinge a nota de 5,4 (em uma escala que varia de 0 a 10). Para a população dessa faixa de renda, os maiores problemas da Justiça são os custos e a dificuldade de acesso.
Entre os que têm até 1.º grau incompleto, o índice de confiança é de apenas 5,3 pontos. Nesse grupo, 87,2% dizem que os custos para ingressar no Judiciário são altos ou muito altos; e 81,7% afirmam que o grande problema do Poder Judiciário é a sua desonestidade e parcialidade. O acesso à Justiça também é outro problema para os que têm escolaridade mais baixa 72,9% consideraram o acesso difícil.
Na opinião do presidente da Associação dos Magistrados do Paraná, Miguel Kfouri Neto, a falta de informação da população mais pobre sobre o Judiciário influenciou nesse resultado. "Nunca foi tão fácil o acesso à Justiça como é hoje. Além disso, os custos do processo podem sair de graça para quem não tem condições de pagar. Mas as pessoas não sabem disso, há uma desinformação", afirma Kfouri Neto.
O menor índice de confiança detectado entre as capitais foi em Recife. Na cidade, em que a renda por habitante fica atrás apenas de Salvador entre os municípios pesquisados, o Judiciário obteve 5,4 pontos de confiabilidade. Em Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre e Rio de Janeiro esse índice foi de 5,7 a maior nota entre as cidades.
A coordenadora da pesquisa da FGV, Luciana Gross Cunha, afirma que a diferença entre as avaliações do Judiciário nas capitais reflete os dados já apurados pelo Conselho Nacional da Justiça (CNJ) em relação à atuação dos tribunais estaduais. "As capitais nordestinas têm as piores avaliações nos relatórios do CNJ e isso se reflete na opinião da população. Da mesma forma, Porto Alegre é a que possui a melhor avaliação nos relatórios do CNJ e, por consequência, da população."
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