O dono da UTC, Ricardo Pessoa, apontado como o chefe do clube das empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, afirmou na sua delação premiada que pagou R$ 600 mil em espécie ao ex-deputado federal Luiz Argôlo (SD-BA), preso desde abril na Operação Lava Lato. Segundo Pessoa, o pagamento foi feito em várias parcelas entre 2011 e 2012.
O delator disse que a maioria desse montante foi entregue pelo doleiro Alberto Youssef, e que uma ou duas parcelas foi efetuada pelo diretor financeiro da UTC, Walmir Pinheiro, que entregou o dinheiro ao próprio Argôlo na sede da empresa.
Pessoa também relatou que fez duas doações oficiais para a campanha de 2010 do ex-deputado no valor de R$ 150 mil cada. No entanto, o empreiteiro destacou que o dinheiro não tinha vínculo com a Petrobras e saiu de seu caixa como um “investimento futuro, pensando na ascensão futura dele [Luiz Argolo]”.
O empreiteiro disse que acreditava que Argôlo poderia ser candidato a governador ou senador. Também relatou que o então deputado era um “jovem em ascensão, com boas ideias e postura, além disso, baiano [assim como Pessoa]”, o que despertou seu interesses pelo perfil do político.
O empresário destacou que não tem os comprovantes dos pagamentos no valor de R$ 600 mil. Ele também entregou aos investigadores uma agenda de 2013 em que há o registro de um jantar que teve com Argôlo em junho daquele ano no apartamento funcional do ex-deputado, em Brasília. Segundo Pessoa, trataram de assuntos “genéricos ligados à política” no encontro.
Bebê Johnson
Pessoa contou no depoimento às autoridades da Lava Jato que a pouca idade de Luiz Argôlo fez com que o doleiro Alberto Youssef apelidasse o ex-deputado de bebê Johnson. O empreiteiro também relatou que foi o doleiro quem o apresentou a Argôlo em uma visita à sede da UTC “há bastante tempo”, mas não se recorda da data.
Disse que Argôlo não tinha muita ligação com os dois grupos do PP (Partido Progressista) formados após a morte do ex-deputado José Janene, um dos operadores do esquema de corrupção da Petrobras. Por essa razão, ele teria migrado para a sigla Solidariedade.
O delator também informou aos investigadores que sabia que Argôlo tinha ou parecia ter um helicóptero. Segundo o empreiteiro, na inauguração do Aeroporto de Feira de Santana (BA), do qual a UTC era um das concessionárias, Argôlo insistiu para que Pessoa viajasse com ele em sua aeronave. O empreiteiro aceitou o convite nas disse que, por ser um veículo pequeno, “passou medo”.
O advogado do ex-deputado Luiz Argôlo, Sidney Peixoto, confirmou que seu cliente recebeu as doações legais declaradas por Pessoa na delação premiada e que também recebeu cerca de R$ 900 mil de Alberto Youssef, mas reiterou que “ele não sabe e não tinha como saber se o montante era proveniente de Ricardo Pessoa ou da atividade ilícita do doleiro ligada a Petrobras”.
A defesa do ex-deputado afirma que Argôlo não tem conhecimento sobre os R$ 600 mil que em espécie que o dono da UTC afirma ter pago a ele via Youssef e via Walmir Pinheiro, diretor financeiro da UTC.
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