Uma reviravolta pode afastar do PT a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento. As negociações do partido para indicação do atual secretário nacional de Agricultura Familiar, Válter Bianchini, correm o risco de ser encerradas com a volta do vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) à pasta. "O meu retorno é uma possibilidade que existe e que depende de um pedido do governador", disse Pessuti ontem, após reunião da Escola de Governo.
Ele dirigiu a secretaria de 2003 até as eleições do ano passado. Depois, cedeu o posto para Newton Pohl Ribas. De acordo com Pessuti, o governador Roberto Requião (PMDB) tem três opções além da escolha pelo petista ou seu retorno, a manutenção de Ribas. "Todas as hipóteses têm chances iguais de virar realidade", destaca.
O vice-governador, porém, não esconde que trabalha pelas duas últimas, barrando as intenções petistas. O retorno à secretaria seria surpreendente, já que ele já havia admitido que isso estava descartado. Após a posse no último dia 1.º, Pessuti revelou que estava designado por Requião para exercer uma função de articulação política durante este mandato.
Além disso, ele alimentava o sonho de ser escolhido ministro da Agricultura. Na teoria, está disputando o cargo com o senador e adversário na campanha do ano passado, Osmar Dias (PDT). A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a pasta deve sair na próxima semana. É a partir das opções estabelecidas em Brasília que Requião deve nortear o grosso da sua reforma no secretariado. A principal expectativa é a possível ida do deputado federal Reinhold Stephanes (PMDB) para o Ministério da Saúde. A outra é a entrada de Osmar no governo federal.
Caso Stephanes não seja ministro, ele deve integrar o secretariado. Já a situação de Osmar é mais complicada para as costuras locais. Se o rival for nomeado, a tendência é que Requião descarte Bianchini, em retaliação à entrada do adversário na gestão Lula.
Ontem, o governador preferiu não comentar as mudanças e reafirmou que pode demorar para oficializar os novos nomes do primeiro escalão. E foi irônico ao comentar as especulações da imprensa sobre o assunto. "Não posso anunciar nada porque eu não li os jornais hoje. A reforma do secretariado só tem sido divulgada neles", declarou depois da Escola de Governo.
Apesar dessa postura, ele deixou clara a possibilidade de alterações, principalmente com a entrada do membros do PT. "Existe essa necessidade de oxigenação aqui e ali, de incorporação de forças políticas que nos ajudaram na eleição. Elas ocorrerão, mas sem nenhuma pressa."
Embora a situação da Secretaria da Agricultura continue indefinida, os petistas André Vargas e Ênio Verri são certos na reforma. Até Pessuti admite que ambos fazem parte de uma negociação fechada. Vargas, deputado federal recém-eleito, inclusive já fala como secretário do Trabalho. Verri deve assumir o Planejamento. O último petista que deve integrar o primeiro escalão do governo é o deputado federal Irineu Colombo. Ele não se reelegeu parlamentar e é cotado para assumir o Escritório de Representação do Paraná em Brasília.