Pessuti: segundo ele, Roberto Requião prometia e não entregava| Foto: Walter Alves / Gazeta do Povo

Segundo escalão

Governador ainda quer ganhar cargo

Durante a entrevista coletiva de ontem, o governador Orlando Pessuti disse que não perdeu a esperança de ser chamado para um cargo de "primeira linha" no governo federal. "Sempre nos foi dito pelos companheiros de partido e pelo próprio Michel Temer (vice-presidente eleito) no comício na Boca Maldita que eles esperam contar conosco em um cargo de primeira linha", afirmou.

Pessuti garantiu que tem mantido entendimentos desde o final das eleições com a cúpula do PMDB e com o governo federal, mas ainda não houve nenhuma definição sobre o cargo que poderia ocupar. "Se fala em Conab [Companhia Nacional de Abastecimento], Itaipu, Correios, alguma diretoria na Petrobras, Caixa Econômica Federal ou Banco do Brasil, e Ministério Extraordinário da Copa", enumerou.

O governador afirmou que acha "normal" não ter sido chamado para um ministério e diz não guardar mágoas por ter sido preterido até o momento. "Tem cargos de segundo escalão e na direção de estatais que são mais importantes que alguns ministérios", disse.

A indicação no governo federal era tida como certa por Pessuti depois que ele, que havia colocado seu nome como pré-candidato ao governo do estado pelo PMDB, abriu mão da pretensão em nome de uma aliança entre partidos da base do governo federal, a pedido do presidente Lula, com o senador Osmar Dias (PDT) como candidato ao governo.

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O governador Orlando Pessuti (PMDB) afirmou ontem ter sido mais eficiente em seus nove meses de governo do que o antecessor, Roberto Requião (PMDB), teria sido em sete anos de mandato. Pessuti assumiu o governo depois que Requião renunciou, em abril, para se candidatar ao Senado. Desde então, os dois criaram uma grande rivalidade.

"Vamos entregar ao novo governador Beto Richa um governo muito melhor do que recebemos em abril deste ano e muito melhor do que recebemos como vice-governador em 2003", afirmou Pessuti ontem em entrevista coletiva no gabinete do Palácio Iguaçu. O governador fez um balanço de seus nove meses no cargo, projetou seu futuro político no governo federal (leia texto ao lado) e lançou pré-candidatura ao governo do estado para 2014.

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Pessuti diz que seu governo foi melhor do que o de Requião porque o antecessor não teria cumprido promessas. "Fomos melhores porque o Requião anunciava 64 escolas mas não tinha dinheiro para construir nenhuma. Conseguimos equacionar as contas e construir 34 escolas. Ainda há uma pendência de 30 para o próximo governador", disse Pessuti.

Peemedebista disse que sua administração foi mais eficaz que a do rival também em outros aspectos, pois teria conseguido colocar em prática projetos que foram anunciados por Requião como prontos sem que houvesse recursos para a conclusão. "O Requião anunciou em outdoors a construção de 300 clínicas da mulher, mas só tinha 146 unidades em fase de construção. Nós autorizamos a obra de mais 80 clínicas, que já estão em obras", completou.

A assessoria de Requião, procurada pela reportagem, afirmou apenas que as declarações de Pessuti eram "uma piada" e que "não mereciam sequer ser comentadas".

Balanço

O governador garantiu que os vencimentos de todos os funcionários públicos, inclusive passivos de promoção e progressão para professores que estavam pendentes desde 2009, foram quitados. "Fechamos bem o ano, a totalidade dos salários foi paga", afirmou. Mas destacou que não haverá dinheiro sobrando em caixa. "Não tivemos dinheiro para tudo fazer, mas felizmente honramos com o que é essencial", salientou. "O Paraná está em situação privilegiada, pois não tem déficit em suas contas", disse.

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Há algumas semanas, a equipe de transição do governador eleito, Beto Richa (PSDB), anunciou que assumirá o governo com rombo de R$ 1,5 bilhão nas contas.

Um dos setores mais criticados pela equipe de transição do novo governo – a infraestrutura do estado – foi usado como exemplo de gestão pelo governador na coletiva de despedida. "Recebemos o governo com 70% das estradas em condições precárias em 2003 e, hoje, 80% estão em boas e ótimas condições, sem que fosse necessário instalar nenhuma praça de pedágio", disse.

A gestão Pessuti termina sem que o governador conseguisse inciar obras como a ampliação e criação estradas no litoral e da ponte que liga Caiobá a Guaratuba. Pessuti pretendia usar dinheiro do superávit da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina estimado em mais de R$ 100 milhões, mas teve a iniciativa frustrada por duas decisões da Justiça Federal.