Uma agenda cheia, que mantém os mesmos compromissos criados por Roberto Requião como a "escolinha" das terças-feiras mas que conta com novidades, como reuniões com outros governantes, bancada de deputados e entidades da sociedade civil. Essa é a receita a ser adotada pelo governador do Paraná, Orlando Pessuti (PMDB), para imprimir uma marca pessoal ao Executivo estadual e se aproximar mais do eleitorado, que ainda não está bem familiarizado com ele. Na véspera da posse de Pessuti, apenas 34,9% dos curitibanos sabiam qual era o nome dele. A maioria (63,1%) admitiu não ter ideia de quem era o vice-governador, que assumiu o comando do estado em 1.º de abril, em substituição a Requião, que vai se candidatar ao Senado nas eleições de outubro.
Os dados fazem parte de um levantamento feito pelo Instituto Paraná Pesquisas para a Gazeta do Povo entre os dias 29 e 31 de março de 2010, com 680 habitantes maiores de 16 anos. Segundo a pesquisa, a maior parte dos curitibanos (63%) também desconhecia o atual prefeito da cidade, Luciano Ducci, que em 30 de março assumiu o posto de Beto Richa (PSDB), pré-candidato ao governo do estado.
No caso de Pessuti, os índices são mais preocupantes porque ele pretende se candidatar à reeleição em outubro. De acordo com cientistas políticos ouvidos pela reportagem, o novo governador tem forte identificação com a agricultura, fato que o distancia da população da capital. "Ele (Pessuti) não é de Curitiba. Nunca disputou uma eleição majoritária", lembra o diretor da Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo. O professor de Direito Constitucional e Ciência Política do Centro Universitário Curitiba (UniCuritiba), Carlos Strapazzon, diz que os antigos cargos de Pessuti e Ducci os "escondia" da população. "Vice é um sujeito desconhecido."
No entanto, Pessuti tende a diminuir esta falta de proximidade com o eleitor da capital nos próximos meses. Ele tende a aparecer muito mais nos meios de comunicação, principalmente na TV Educativa, canal controlado pelo governo estadual. Essa exposição pode ser determinante para que Pessuti emplaque a candidatura ao governo do Paraná neste ano, já que as intenções de votos dele nas pesquisas eleitorais publicadas recentemente são menores que 10%. Além disso, o nome dele não é consenso nem mesmo dentro do próprio partido.
O futuro está nas mãos do próprio Pessuti e da forma que ele deverá conduzir as aparições públicas, avalia Strapazzon. "O candidato pode crescer muito dependendo da forma que ele irá se mostrar."
Pelos compromissos agendados, o peemedebista mostra que vai se engajar na candidatura à reeleição. Amanhã pela manhã, o governador comanda a reunião semanal sobre segurança pública, (Operação Mãos Limpas) e dá entrevista a uma rádio da capital. Pela tarde, participa do ato público para a instalação de um Tribunal Regional Federal (TRF) no Paraná e depois recebe o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, para falar sobre preparativos para a Copa de 2014. Na terça-feira, após a escolinha com o secretariado, embarca para Brasília, onde vai se reunir com deputados em busca de uma solução para a multa do Itaú/Banestado, aplicada ao Paraná por falta de pagamento de parcelas contraídas durante a privatização do banco paranaense, em 1998. Além disso, ele vai defender a construção de uma terceira pista no Aeroporto Afonso Pena.
Expectativa
O desconhecimento do nome de Pessuti tem um lado positivo, analisa Murilo Hidalgo. Mais da metade dos curitibanos ouvidos (54,9%) disseram ter expectativa ótima ou boa da administração dele até o fim do ano. Outros 26,5% esperam um governo regular e somente 7,2% consideram que o vice no cargo do governador será ruim ou péssimo. Porém quase metade (49,4%) acreditam que ele fará um governo igual ao de Requião; 7% dizem que será pior. Outros 34,6% confiam em uma administração melhor do que a anterior.