O governador Orlando Pessuti (PMDB) esteve dois dias em Brasília negociando a liberação do uso do superávit da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) pelo Tesouro do Estado. A transferência foi barrada, em caráter liminar, pela Justiça Federal. Ele teve reuniões com o secretário-executivo da Secretaria Especial de Portos, Augusto Wagner Padilha Martins, e pediu apoio na negociação ao ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Pessuti quer fazer valer um dispositivo da atual Lei Orçamentária Anual, aprovada pela Assembleia Legislativa em 2009, que permite que empresas públicas, autarquias, órgãos de regime especial, e fundos estaduais recolham 80% dos seus superávits referentes ao ano passado e repassá-los ao Tesouro Estadual. Isso permitiria que até R$ 130 milhões do caixa da Appa fossem utilizados em obras de infraestrutura.
A proposta foi questionada pela equipe de transição do governador eleito Beto Richa (PSDB). Nas duas leis orçamentárias anteriores, também havia o mesmo dispositivo, mas a Appa estava de fora da exigência. "Só estou colocando em prática o que já foi aprovado pelos deputados estaduais. O que é melhor para os paranaenses: duplicar uma rodovia ou deixar esse dinheiro aplicado no banco?", afirmou ontem Pessuti.
Segundo a argumentação do advogado que ingressou com a ação para impedir a manobra, Rodrigo Muniz Santos, o repasse compromete o funcionamento do porto. A decisão definitiva será baseada no convênio de delegação dos portos firmado entre a União e o governo do Paraná em 2001. O contrato original não permite a utilização do superávit da Appa.
No dia 13 de outubro, entretanto, o governador solicitou a inclusão de um aditivo no contrato para permitir a transferência. A mudança no documento ainda está sendo analisada pela Agência Nacional de Transportes Aquáticos. "Temos a expectativa de recebermos um parecer entre esta semana e a próxima", contou Pessuti.
Ele negou que a transferência de recursos tenha gerado mal- estar com Beto Richa. "A execução das obras que definirmos ficará a cargo do futuro governador, não há nada de confronto político. Aliás, estou conduzindo o processo com o máximo de cautela, tentando fazer tudo em acordo com a Secretaria Especial de Portos, ao contrário de outras épocas em que tudo era feito de atropelo."
O governador teve encontros com Paulo Bernardo e o ministro da Educação, Fernando Haddad. Aos dois, pediu a liberação de recursos do orçamento da União para saúde e educação. Ele espera pelo menos R$ 50 milhões para o pagamento de convênios com hospitais, consórcios regionais de saúde e Apaes.
Lactec
Pessuti e outros representantes do governo do estado também fizeram ontem uma apresentação sobre o Instituto de Tecnologia para Desenvolvimento (Lactec) para o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. Em setembro, o órgão ganhou uma concorrência para desenvolver o modelo reduzido que vai orientar a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (Pará). "É uma oportunidade de marcar a história do instituto. Seremos referência", disse o superintendente do Lactec, Newton Pohl Ribas.
A "miniatura", na proporção de 1 para 100 metros, vai receber todos os testes hidrológicos que vão nortear a obra. "Será a mesma coisa que já fizemos durante a obra de Itaipu", explica Ribas. Segundo ele, também foram desenvolvidos pelo instituto modelos reduzidos para usinas em Angola, Colômbia, Etiópia e República Dominicana. O valor do contrato para Belo Monte é de R$ 7 milhões, com duração de 36 meses, mas pode ser estendido de acordo com a duração da obra.
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