O governador Orlando Pessuti (PMDB) deverá enfrentar uma série de protestos de funcionários públicos nos próximos dias. Revoltados com a falta de resposta do governo sobre a data em que passará a vigorar o reajuste da categoria, sindicalistas prometem adotar a estratégia de "ir aonde o governador estiver" para fazer manifestações. Os protestos começam amanhã, em Guarapuava, e continuam na semana que vem, em Curitiba.
O reajuste de 5% para todos os 252 mil funcionários públicos, incluindo aposentados, foi aprovado pela Assembleia Legislativa e deveria ser pago já no salário de maio. O governo, porém, rodou a folha deste mês sem o reajuste e pretende adiar a inclusão do pagamento para o mês que vem, supostamente para não desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal. A lei determina que os gastos dos estados com pessoal não podem ultrapassar 49% da receita corrente líquida.
O governo afirma que, com o reajuste pago neste mês, os gastos subiriam para 53% das receitas. Os sindicatos dos servidores, apoiados em cálculos do Departamento de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, o Dieese, afirmam que a conta está errada e que, mesmo com o pagamento a proporção não passa de 46% portanto, dentro do limite permitido pela lei.
Pressão
Elaine Rodella, representante do Fórum das Entidades Sindicais do Paraná, que reúne os principais sindicatos de servidores do estado, afirma que a política dos funcionários agora será de pressionar o governo politicamente. "Entregamos hoje (ontem) uma carta aberta aos deputados estaduais pedindo que eles defendam o reajuste que eles mesmos aprovaram. E agora vamos fazer protestos onde o governador estiver."
Os secretários estaduais envolvidos na negociação não se pronunciaram ontem sobre o tema. A bancada de oposição ao governo na Assembleia Legislativa protestou e disse que o governo não paga o reajuste por mera falta de vontade política. O deputado Elio Rusch (DEM) tomou o fato noticiado ontem pela Gazeta do Povo de que o governo rodou a folha de maio sem incluir o reajuste como uma confirmação de que o pagamento não sairá neste mês. Os sindicatos acreditam, porém, na possibilidade de que o governo rode uma folha suplementar com os 5%. O pagamento dos servidores é feito no último dia de cada mês.
O primeiro protesto da categoria está marcado para a Unicentro, em Guarapuava, às 8h30 da manhã de amanhã. Na terça-feira, a manifestação será às 10 horas, em frente ao Palácio das Araucárias. Em junho, as categorias fazem assembleia e podem votar uma greve geral.