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Renan chega ao Congresso ignorando manifestação contra sua eleição à presidência do Senado | Fabio Rodrigues Pozzebom/ ABr
Renan chega ao Congresso ignorando manifestação contra sua eleição à presidência do Senado| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ ABr

Segundo especialistas, eleitor amadureceu

O coordenador do Instituto de Fiscalização e Controle (IFC), Diego Ramalho, diz que a petição contra o senador Renan Calheiros reflete uma maior participação popular na política pela internet e demonstra um amadurecimento do cidadão. "Esse abaixo-assinado mostrou que o eleitor sabe que o Renan é presidente do Senado, reconhece o poder que esse cargo exige e demanda uma reputação ilibada para o representante do cargo. Não é um tema fácil de ganhar amplo apoio popular, e no entanto, conseguiu." O cientista político Ricardo Oliveira, embora concorde com a legitimidade da manifestação, reforça que o eleitor precisa forçar as mudanças políticas na época de eleição.

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O despretensioso exercício de mobilização virtual criado pelo representante comercial Emiliano Magalhães, de 26 anos, em pouco tempo ganhou corpo e a atenção da mídia. O movimento "Fora Renan", veiculado pela ONG Avaaz, se propôs a recolher pela internet a assinatura de 1,3 milhão de pessoas – o que corresponde a 1% do eleitorado nacional – favoráveis a tirar o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência do Senado. Até as 19 horas de sexta-feira, o site já chegava perto de 1,6 milhão de nomes, novo número pretendido, equivalente ao dobro de votos que Renan teve em Alagoas para se eleger senador. Mas resta saber qual o real impacto que uma mobilização desse porte terá no Congresso.

Magalhães afirma que está estudando junto com a Avaaz uma maneira de levar a petição ao Senado. Mas nem ele nem a ONG dão detalhes da estratégia que usarão a partir de agora.

Diego Ramalho, coordenador do Instituto de Fiscalização e Controle (IFC), que também trabalha pela causa, afirma que a petição tem o objetivo de mostrar uma mobilização política da sociedade, embora reconheça que uma mudança prática – como a cassação do mandato de Renan, por exemplo –, é uma realidade distante. "A rede [internet] é hoje a nossa maior parceira. Conseguimos bons resultados, como a Lei da Ficha Limpa e a Lei de Acesso à Informação, e esse é mais um ato para mostrar para o cidadão revoltado que ele pode fazer alguma coisa. Um impeachement [de Renan] é improvável, até porque ele tem a maioria nas bancadas [partidárias]. Mas [o abaixo-assinado] é algo que nós podemos fazer agora."

Análise

O cientista político Ricardo Oliveira, professor da UFPR, concorda. Para ele, a manifestação "demonstra uma insatisfação com relação ao Senado". "Agora, a esfera do poder real é um espaço definido na própria instituição legislativa. As manifestações contra o [José] Sarney [ex-presidente do Senado, também do PMDB] foram amplamente divulgadas, mas ele conseguiu cumprir seu mandato com tranquilidade", diz Oliveira. Ele ainda completa: "As verdadeiras mudanças no quadro político acontecem nas eleições".

Ainda assim, Ramalho pondera que a manifestação pode ter poder sobre o problema de representação que o Senado enfrenta. "A votação secreta não nos permite saber quem votou em quem para a presidência, e os senadores, que representam o povo, não votariam no Renan se a votação fosse aberta", diz ele.

O senador paranaense Sérgio Souza (PMDB), concorda que o segredo das votações é desnecessário. "Existe hoje uma lei de reforma legislativa que quer acabar com o voto secreto para algumas situações. Não há razão de ter votação secreta para presidência do Senado. Pelas alianças e posições políticas dos parlamentares, dá para saber quem votou em quem", diz ele, que apoiou Renan Publicamente.

Sobre a petição pedindo o afastamento do presidente do Senado, Souza reconhece a legitimidade da expressão popular e o descrédito por parte do eleitor com relação ao Senado. Mas reitera que o Supremo Tribunal Federal é que é responsável por julgar as acusações contra Renan e que cabe aos parlamentares acatar essa decisão.

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