Cotado para assumir a presidência da CPI da Petrobras, o senador João Pedro (PT-AM) defendeu ontem que a comissão de inquérito investigue supostas irregularidades ocorridas na estatal durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Com ampla maioria na CPI, o governo deixou claro que vai para o enfrentamento com a oposição: indicou sua tropa de choque para participar das investigações e blindar a Petrobras e, agora, faz ameaças. A comissão parlamentar de inquérito será instalada na próxima terça-feira, quando serão escolhidos o presidente e o relator. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), era ontem o mais cotado para assumir a relatoria.
"Acho que temos de ir no passado da Petrobras e investigar coisas como o acidente da plataforma P-36, gestores da estatal durante o governo Fernando Henrique, além de outros acidentes graves que ocorreram", afirmou João Pedro. Em 2001, a plataforma P-36, na bacia de Campos (RJ), afundou após três explosões, deixando 11 mortos. "É tão ridículo fazer uma afirmação dessas para tentar intimidar a oposição. É medíocre", reagiu o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), autor do pedido de criação e um dos integrantes da CPI da Petrobras.
Depois de anunciar que iria impedir as votações no plenário do Senado em represália à decisão do governo de controlar os dois postos de comando da CPI, a oposição voltou atrás e fez um acordo para votar todas as medidas provisórias que trancam a pauta do plenário do Senado. Prometeram obstruir apenas a votação da MP que destina recursos de R$ 14,2 bilhões para o Fundo Soberano do Brasil (FSB). A oposição justificou o recuo sob o argumento de que não queria ser acusada de derrubar o novo salário mínimo de R$ 465, em vigor desde 1º de fevereiro, nem a MP que trata da ampliação da distribuição da merenda escolar. "Não houve recuo. Não podíamos ser acusados de votar contra o salário mínimo ou a merenda escolar", argumentou o líder do DEM, senador José Agripino Maia (RN).
O nome de Jucá era o preferido dos aliados para ser o relator da CPI criada para investigar suspeitas de irregularidades na Petrobras e na Agência Nacional do Petróleo (ANP), apesar da resistência do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), em escolhê-lo para o cargo. Um dos motivos alegado pelo líder seria a pressão do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), para indicar o senador Paulo Duque (PMDB-RJ) que é segundo suplente do governador para ser o relator do inquérito. Além disso, Renan Calheiros ficou irritado com Jucá que, na semana passada, fez uma negociação com o líder do PT, senador Aloizio Mercadante (SP), para dividir o comando da CPI da Petrobras. Tanto é assim que Calheiros fez suspense até o último minuto sobre a indicação de Jucá para a comissão de inquérito.
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