A Petrobras divulgou nesta terça-feira um agressivo plano de negócios com objetivo de se tornar uma das cinco maiores empresas integradas de energia do mundo. Para isso, prevê investimentos da ordem de 112,4 bilhões de dólares até 2012, 28,6 por cento a mais do que a previsão feita até 2011.
Analistas que estiveram esta tarde na apresentação do plano, na sede da empresa, no Rio de Janeiro, viram com bons olhos as propostas da companhia, que elevou para 65,1 bilhões de reais os investimentos em exploração e produção, dos 49,3 bilhões de reais previstos no plano anterior (2007-2011).
"Manteve a linha estratégica anterior, com investimentos fortes, rentáveis, detalhou mais do que no anterior", avaliou Nelson Matos, da BB Investimentos.
Para Gustavo Gattass, do UBS Pactual, o volume de recursos é positivo, mas ainda é cedo para saber se terão o resultado esperado. "O relevante é que gastam muito com o que não dá para se saber se vai acontecer no futuro, mas acho que a gente ainda vai ouvir detalhes ao longo dos próximos dias que poderão dar mais subsídios", disse o analista.
Respondendo à pergunta de um investidor também preocupado com o alto volume a ser investido, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, afirmou que levando em conta o sucesso de planos anteriores a tendência é de que a empresa consiga completar até 95 por cento do total anunciado.
"Pela experiência que nós temos, podemos trabalhar com algo entre 85 e 95 por cento dos investimentos cumpridos até 2012", afirmou. Este ano, a companhia investiu até junho 19,7 bilhões de reais, dos 54 bilhões de reais programados para o exercício.
Segundo o executivo, o maior desafio da Petrobras daqui para frente será quanto à gestão de custos e de prazos para a entrada em operação dos empreendimentos, além da gestão de recursos humanos, já que, segundo ele, está cada vez mais difícil encontrar profissionais da área.
Gabrielli, que mais cedo falou a jornalistas sobre o plano, destacou que o aumento dos investimentos inclui 13,3 bilhões de dólares de novos projetos e 10,9 bilhões de dólares referentes a aumento de custos devido ao aquecimento do mercado de equipamentos e serviços, além de 4,2 bilhões de dólares em razão da valorização cambial.
MAIS LIMPA
Segundo Gabrielli, a visão da companhia é de gradual redução da participação dos combustíveis fósseis no mundo e aumento em energia limpa.
A empresa prevê investir 1,5 bilhão de dólares entre 2008-2012 nesse setor, onde está incluída a estréia da companhia na produção de etanol, com previsão de exportação de 4,7 bilhões de litros do produto em 2012, para os mercados do Japão, Coréia do Sul, África do Sul e Estados Unidos.
"Com as parcerias esses investimentos vão subir para 4,6 bilhões de dólares", afirmou Gabrielli sem dar detalhes.
A estatal negocia com produtores de etanol parcerias onde a Petrobras será minoritária, e que visam produzir o etanol que será exportado, além de construir alcoodutos ligando as áreas de produção aos portos do país.
O gás também ganhou destaque no novo plano, com aumento da projeção de produção de 121 milhões de metros cúbicos até 2011 para 134 milhões de metros cúbicos em 2012, com maior oferta de Gás Natural Liquefeito (GNL) -antes, de 20 milhões de metros cúbicos e agora de 31,1 milhões de metros cúbicos.
A produção no Brasil de gás também crescerá para 72,9 milhões de metros cúbicos em 2012, dos 71 milhões de metros cúbicos do plano anterior.
A Petrobras informou que no total de investimentos estão incluídos 18,2 bilhões de dólares a serem aplicados na cadeia brasileira de gás natural, "visando desenvolver... e garantir o suprimento confiável de gás natural ao mercado brasileiro".
A estatal estipulou meta de produção de petróleo e gás no Brasil de 3,058 milhões de barris de óleo equivalente (boed) em 2012. Para comparação, segundo o plano estratégico divulgado nesta terça, a produção no país ficou em 2,055 milhões de boed em 2006. A previsão nesse quesito para 2015 é de 3,455 milhões de boed.
Para o refino de petróleo nacional, a Petrobras estima crescimento de 1,388 milhão de barris em 2006 para 1,853 milhão em 2012 e 2,445 milhões de barris em 2015.
A produção total de petróleo e gás, que inclui as operações fora do Brasil, a meta é de 3,494 milhões de boed até 2012. Em 2006, esse volume ficou, segundo a estatal, em 2,298 milhões de boed. A meta para 2015 é de 4,153 milhões de boed.
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