Em evento simbólico ocorrido na manhã desta sexta-feira (31), a Petrobras recebeu a segunda remessa de dinheiro desviado da estatal e recuperado por meio da operação Lava Jato. Nesta fase, foram devolvidos cerca de R$ 139 milhões, referentes a contratos entre a empresa holandesa SBM Offshore e a Petrobras.
Do total, R$ 69 milhões eram referentes a desvios do ex-gerente da estatal Pedro Barusco e R$ 70 milhões foram desviados pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. Em maio, o Ministério Público Federal (MPF) já havia feito a devolução de R$ 157 milhões repatriados pela operação Lava Jato.
Conforme detalhou o MPF do Rio de Janeiro, um dos autores do pedido de devolução, parte do dinheiro repatriado é fruto de propinas recebidas por Barusco, entre 1999 e 2012, em contratos da Petrobras com a SBM Offshore, fornecedora de FPSOs (navios-plataforma).
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Leia a matéria completaO procurador da República Renato Silva de Oliveira destacou que a recuperação da verba só foi possível com a delação premiada assinada por Barusco, além da cooperação da procuradoria da Suíça na repatriação do dinheiro. O recurso faz parte dos cerca de 97 milhões de dólares restituídos das contas do ex-gerente no exterior.
O Procurador-Geral da República Rodrigo Janot destacou o simbolismo do ato de devolução da verba. “Isso nos revela que a Justiça brasileira está mudando de viés, que não existem cidadãos acima da lei”, disse. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que também esteve no evento, disse que a devolução representa uma celebração. “A celebração de um país que muda. De um Poder Executivo que não visa orientar as investigações”, declarou.
Medidas de segurança
Em seu discurso, o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, destacou que o dinheiro recuperado está sendo investido prioritariamente em mecanismos de aprimoramento de governança da estatal. “Vamos garantir que essas descobertas tornem a Petrobras mais forte, mais sólida e mais transparente”, disse.
Bendine anunciou ainda um conjuntos de novas medidas que serão adotadas pela empresa para tornar mais rigoroso o processo de gestão de fornecedores. A partir de agora, segundo ele, haverá limitação de decisões individuais em todos os níveis da companhia – com a promoção de decisões colegiadas –; contratação de uma ouvidoria externa para estimular denúncias, além de uma auditoria interna; e a criação de um comitê de correição, para aumentar o rigor das sanções a empregados envolvidos em casos de desrespeito às normas.
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