Pasadena
Compra da refinaria dos EUA pode ter sido US$ 56 milhões mais cara
Da Redação
Reportagem exibida na sexta -feira pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, indica que o valor pago pela Petrobras pelos primeiros 50% da refinaria de Pasadena (EUA), em 2006, pode ter sido US$ 56 milhões maior do que aquilo que a empresa divulga. O Jornal Nacional exibiu um documento da Securities Exchanges Comission (SEC), órgão regulador do mercado financeiro americano, que aponta que a estatal pagou US$ 416 milhões em vez de US$ 360 milhões. Segundo a reportagem, o relatório teria sido enviado à SEC em 2007. Oficialmente, porém, a Petrobras alega que comprou metade da refinaria por US$ 190 milhões e que investiu nela outros US$ 170 milhões totalizando o gasto de US$ 360 milhões. A totalidade da unidade de Pasadena havia sido comprada em 2005 pela companhia belga Astra por US$ 42 milhões. A empresa investiu na unidade mais US$ 84 milhões somando US$ 126 milhões de investimentos. A Petrobras comprou metade da refinaria um ano depois pelos US$ 360 milhões ou US$ 416 milhões. Posteriormente, a estatal adquiriu os outros 50% por mais US$ 820 milhões. O valor de mercado de Pasadena hoje é de US$ 180 milhões.
Uma cláusula, duas situações
A presidente Dilma Rousseff, na época em que era presidente do Conselho de Administração da Petrobras, aprovou pelo menos outra compra de refinaria com a mesma cláusula que levou a estatal a ter um prejuízo de US$ 1 bilhão na aquisição da unidade de Pasadena (EUA). Segundo reportagem publicada neste sábado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o conselho da estatal autorizou a compra em 2007 de parte da refinaria Nansei Sekiyu, no Japão. O contrato contém a cláusula Put Option, que obriga uma das partes da sociedade a comprar a outra em caso de desentendimento. A reportagem informa que, diferentemente do que Dilma alega no caso da Pasadena, os conselheiros da Petrobras foram avisados da cláusula.
Pressionada por uma avalanche de denúncias de corrupção, a Petrobras vive sua mais grave crise de credibilidade. São pelo menos cinco inquéritos na Polícia Federal (PF), além de investigações no Ministério Público Federal (MPF) e no Tribunal de Contas da União (TCU). A crise também é financeira, com perdas de R$ 185 bilhões, cerca de 51% do seu valor de mercado, em três anos.
O clima interno é de desconforto ao ver voltar à cena as denúncias de corrupção na compra da refinaria de Pasadena (EUA), em 2006. "É uma situação sem igual em 60 anos. Há um clima de revolta na empresa", diz o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura. "Não me lembro de nenhum diretor da Petrobras que tenha sido preso", diz, citando o ex-diretor Paulo Roberto da Costa, detido pela PF na quinta-feira.
À frente da diretoria de refino e abastecimento em 2006, Costa é apontado como responsável pelo acordo de compra da refinaria de Pasadena, ao lado de Nestor Cerveró, ex-diretor internacional da companhia. Cerveró era diretor-financeiro da BR Distribuidora, vinculada à Petrobras, até a sexta-feira, quando foi demitido numa operação para blindar a presidente Dilma Rousseff. Ela alegou ter autorizado a compra, quando era presidente do Conselho de Administração da petrolífera, com base em um laudo "falho" elaborado por Cerveró.
O TCU investiga há um ano a compra da refinaria, que causou um prejuízo de US$ 1 bilhão para a Petrobras. O MPF e a PF também apuram o caso. A aquisição da unidade de refino dos EUA levou a PF a abrir 5 inquéritos diferentes. Uma dessas apurações levou a outra suspeita: a de pagamento de US$ 139 milhões de propina a funcionários da estatal pela empresa holandesa SBM Offshore, que fornece equipamentos à Petrobras caso que também vai ser investigado pela Câmara Federal.
Economia
À crise política se somam problemas econômicos. Entre outubro de 2010 e dezembro de 2013, a estatal perdeu R$ 185 bilhões do valor de mercado. Nos últimos três meses, o tombo foi de 18%. A principal razão é o uso político da estatal: para segurar a inflação, o governo impôs uma defasagem no preço dos combustíveis o que reduziu o lucro e a capacidade de investir da estatal.
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