Chamado de "Pai do PAC" pela presidente Dilma Rousseff, o vice-governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), comemorou como uma vitória sobre os "ministérios públicos" a inauguração do teleférico do Complexo do Alemão. Em seu discurso ele também agradeceu às empreiteiras responsáveis pela obras. Citou, inclusive, a Delta Construções - empresa que está no centro da pior crise política enfrentada pelo governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) desde que ele assumiu seu primeiro mandato, em janeiro de 2007.

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"Ninguém sabe no Brasil mais do que a senhora (Dilma Rousseff) o que é fazer obra pública neste País", disse Pezão. "Eu queria aqui dividir esse momento (...) por nós estarmos celebrando de vencer a burocracia toda, de vencer os ministérios públicos, de vencer todas as dificuldades que existem num processo como esse" argumentou o vice-governador.

Pezão comentava as dificuldades de se fazer obras públicas no Brasil quando se declarou vitorioso em relação aos órgãos responsáveis pela "defesa dos direitos sociais e individuais, da ordem jurídica e do regime democrático", conforme explica a página da Procuradoria Geral da República (PGR) na internet.

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Braço direito e possível candidato à sucessão de Cabral (PMDB), Pezão também fez questão de agradecer à engenharia brasileira, antes de citar todas as empresas responsáveis "por essa obra extraordinária". Ao falar da Delta Construções, Pezão poupou Cabral do constrangimento de fazer menções à empresa.

Há 20 dias, Cabral pegou um jato emprestado do empresário Eike Batista, do grupo EBX, para ir à Bahia participar dos festejos de aniversário do dono da Delta em um resort. A queda de um helicóptero que servia aos familiares do político e do empreiteiro provocou a morte de sete pessoas e tornou pública a intimidade entre os dois. Cavendish perdeu a mulher, Jordana, e o enteado, Luca. No helicóptero também estava Mariana Noleto, de 20 anos, namorada de Marco Antonio Cabral, filho do governador.

Pezão havia acabado de chegar à Sicília, na Itália, para passar férias quando ocorreu o acidente. Pegou o primeiro voo de volta ao Brasil para ajudar o governador a tentar administrar a crise. O governo Cabral já pagou mais de R$ 1 bilhão à Delta, de Cavendish. Pelo menos R$ 207 milhões têm origem em contratos assinados com dispensa de licitação. Eike, que emprestou o avião para Cabral, recebeu R$ 79,2 milhões em benefícios fiscais para a EBX durante a gestão do peemedebista. Para tentar contornar a crise, o governador editou um código de conduta para a alta administração estadual e vem concedendo aumentos e benefícios ao funcionalismo.