A Polícia Federal instaurou nesta terça-feira (27) novos inquéritos no âmbito da Operação Lava-Jato para investigar possíveis irregularidades cometidas por mais um grupo de empresas fornecedoras da Petrobras. No total, dez novos inquéritos serão somados aos cerca de 120 já existentes. As novas investigadas são: Andrade Gutierrez, MPE Montagens Industriais, Alusa, Promon, Techint, Skanskaâ, GDK S/A, Carioca Engenharia, Schahin e Setal Engenharia Construções e Perfurações. Segundo a Polícia Federal, também serão investigados dirigentes e funcionários destas empresas eventualmente envolvidos em irregularidades.
A Andrade Gutierrez foi denunciada pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Em seu depoimento de delação premiada, ele admitiu ter recebido propina da Andrade Gutierrez e afirmou que o lobista Fernando Soares era muito próximo ao empresário Otávio Marques de Azevedo, presidente da holding da empreiteira, com quem tinha inclusive "algum negócio comum". Costa afirmou que o PP teve dificuldades de receber sua parte na propina a ser paga pela Andrade Gutierrez e que em determinado momento todos os valores pagos pela empreiteira deixaram de ser gerenciados por Alberto Youssef, operador do PP, e passaram a ser cobrados e geridos por Soares, o operador do PMDB.
Azevedo é considerado um dos executivos mais influentes do Brasil. Antes de se transferir para a iniciativa privada, trabalhou na Cemig e na Telemig, atuou no programa de privatização das teles durante o governo de Fernando Collor de Melo e teria atuado na linha de frente na fusão entre Oi e Brasil Telecom. Na ocasião, a Andrade Gutierrez também informou que não iria se pronunciar, uma vez que não foi notificada e não tem conhecimento sobre o depoimento de Costa.
Essas empresas já haviam sido citadas na Operação Lava Jato, em contratos individuais ou em consórcio com as empreiteiras já investigadas na sétima fase da Operação Lava Jato, cujos executivos já são réus em ações e 11 deles estão presos na sede da Polícia Federal em Curitiba.
Segundo a PF, a instauração de mais inquéritos é necessária para aprofundar e organizar as investigações sobre fraudes em contratos com a Petrobras
No total, a Operação Lava Jato tem 18 ações penais em curso e duas sentenças já foram proferidas, uma em relação a doleira Nelma Penasso Kodama e outra de envolvidos em tráfico de drogas. O doleiro Alberto Youssef aparece como denunciado em 10 destas ações.
Procurada, a Andrade Gutierrez afirmou que não foi notificada e não pode comentar sem fatos concretos. Voltou ainda a ressaltar que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Operação Lava-Jato.
Em relação ao depoimento de Costa, a empresa nega as acusações e reafirmou que as acusações são baseadas em "ilações, não em fatos concretos".