A Polícia Federal localizou o registro de viagem do ex-diretor da Petrobras Jorge Luiz Zelada, preso pela Operação Lava Jato, feita para abrir uma conta no Principado de Mônaco. O executivo saiu do país em 7 de fevereiro de 2011, às 21h03, rumo a Paris, no mesmo voo em que estava Miloud Hassene, ex-sócio do lobista do PMDB João Augusto Rezende Henriques na empresa Trend.
Segundo a PF, Jorge Zelada abriu sua conta no Banco Julius Bar, em Mônaco, em 15 de fevereiro de 2011. No Principado, investigadores descobriram que Zelada mantinha 11,5 milhões de euros. A viagem reforça indícios de corrupção de US$ 31 milhões em contrato do navio-sonda Titanium Explorer.
“Reforçam-se, portanto, os indícios de que a conta em Mônaco mantida em nome de Jorge Luiz Zelada foi aberta no período estipulado e com a finalidade de ocultar os valores espúrios recebidos em virtude de sua atuação na Diretoria da Área Internacional da Petrobras”, afirmou o delegado Filipe Hille Pace.
O ex-diretor e o lobista do PMDB João Henriques são réus em processo na Justiça Federal do Paraná por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo o contrato do Titanium Explorer. Segundo a denúncia da Procuradoria da República, a propina acertada no contrato era de US$ 31 milhões, dos quais US$ 20,8 milhões teriam sido efetivamente pagos. A cota do PMDB, afirma o Ministério Público Federal, chegou a US$ 10 milhões em 2009.
Zelada foi sucessor do ex-diretor Nestor Cerveró – preso desde 14 de janeiro – na diretoria Internacional, cota do PMDB no esquema de loteamento político na estatal. A Procuradoria constatou que João Henriques foi executivo da Petrobras, de onde saiu para exercer a atividade de lobista.
Durante as investigações da Lava Jato, o Ministério Público Federal descobriu que Zelada era controlador da conta em nome da offshore Rockfield Internacional S.A. Na conta da Rockfield Internacional a força-tarefa da Lava Jato conseguiu bloquear a maior parte da fortuna não declarada de Zelada: 11 milhões de euros. Em outra conta aberta no mesmo banco – esta em seu nome – havia mais 32 mil euros.
A assessoria de imprensa do PMDB negou todas as acusações e disse que a sigla nunca autorizou quem quer que seja a ser intermediário do partido para arrecadar recursos.
Segundo o criminalista Alexandre Lopes, que defende o ex-diretor da Petrobras, a denúncia “é absolutamente improcedente” e que vai demonstrar a invalidade das acusações. “A denúncia não procede e está baseada em delações premiadas que não se sustentam. A defesa demonstrará a invalidade da denúncia no curso da instrução criminal”, afirmou. A reportagem não localizou Miloud Hassene.
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