Apesar do vazamento de informações, a Polícia Federal (PF) afirma ter provas contra 43 pessoas investigadas na Operação Temis, realizada nesta sexta-feira em São Paulo. Além de documentos que seriam comprometedores, a PF teria reunido escutas telefônicas durante os oito meses de investigações. Segundo o superintendente da PF, Geraldo José de Araújo, o Ministério Público e a própria PF têm em mãos 'provas robustas', que deram base para o pedido de prisão dos 43 investigados. O ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), autorizou as buscas, negou o pedido da PF das prisões.

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O vazamento de informações teria sido percebido pela PF há cerca de um mês. Um funcionário da Telefônica teria alertado policiais civis envolvidos no esquema de corrupção e estes avisaram os desembargadores e juízes. Nesta sexta-feira, agentes da PF fizeram buscas também na sede da empresa.

Segundo a PF, as investigações apontam que cada bingo pagava até R$ 30 mil por mês para magistrados para a emissão e manutenção de liminares que garantiam seu funcionamento. Em alguns casos, dependendo do tempo de validade da liminar, as casas de jogos chegavam a pagar um valor fixo de até R$ 150 mil pela decisão favorável. Há ainda investigações sobre benefícios fiscais obtidos com decisões judiciais.

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Cinco magistrados de São Paulo - três desembargadores e dois juízes federais - e um procurador da Fazenda são investigados e suspeitos de envolvimento com a máfia dos jogos de azar e venda de liminares. Além deles, 20 advogados, uma funcionária da Receita Federal e vários policiais civis e militares do estado.

Os três desembargadores do Tribunal Regional Federal, dois juízes da Justiça Federal e um procurador da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional tiveram os gabinetes revirados pela Polícia Federal. Demostrando-se abalada, a juíza da 23 Vara Federal de São Paulo, Maria Cristina Barongeno Cukierkorn, disse ter ficado perplexa ao saber que estava sendo investigada.

- Fiquei perplexa quando soube que os policiais tinham revirado tudo - afirmou.

Para a Polícia Federal, no entanto, não houve surpresa com a ação, já que houve vazamento e desembargadores e juízes teriam sido avisados com antecedência. Com isso, os envolvidos tiveram tempo de manipular provas e esconder documentos comprometedores.

Maria Cristina autorizou em 1999 a utilização de caça-níqueis pela Reel Token, empresa que explora o setor em São Paulo. Foram apreendidos documentos e computadores nos gabinetes dos desembargadores Roberto Haddad, Alda Bastos e Nery da Costa Junior.

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Também investigado pela PF, o juiz da 25 Vara Federal de São Paulo, Djalma Moreira Gomes, evitou declarações. A assessoria de imprensa da Justiça Federal informou que ele acompanhou as buscas feitas em sua casa. O nome do juiz aparece em escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça, sobre a exploração de jogos.

Na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, a direção não comentou o caso, alegando que o processo corre em segredo de Justiça. O sub-procurador-chefe da entidade em São Paulo, José Roberto Marques Couto, disse que o órgão vai abrir processo administrativo para esclarecer as denúncias.

Segundo o superintendente da PF, o que mais chamou a atenção foram as vultuosas quantias que estavam sendo movimentadas por empresas de fachada. Ainda não há estimativas do montante de prejuízos causados à Fazenda.