A Polícia Federal iniciou a coleta de depoimentos do quarto relatório da Operação Pasárgada. O foco da PF é apurar a eventual participação da juíza federal Ângela Maria Catão, da 11ª vara de Justiça Federal na capital mineira, com o esquema de liberação irregular de verba do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). No inquérito de 300 páginas, a PF sustenta que a juíza mantinha relações suspeitas com Francisco de Fátima Sampaio - gerente afastado da Caixa Econômica Federal na capital mineira - e teria "plena consciência" de que ele representaria os interesses de Paulo Sobrinho de Sá Cruz, apontado como líder e principal lobista do esquema de liberação de recursos bloqueados do FPM.
A juíza já negou que tenha cometido qualquer irregularidade ou se beneficiado pelas liminares concedidas para a liberação de verbas do fundo em ações ajuizadas por prefeituras em débito com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Três funcionários da Justiça Federal que trabalham na 11ª Vara Federal - a secretária particular de Ângela Catão, Maria Márcia Santiago Silva; a diretora da Vara, Sandra Regina Dias Silveira, e Joaquim Augusto dos Santos, lotado no setor de distribuição dos processos -, foram ouvidos ontem na condição de testemunhas pelo delegado Mário Alexandre Veloso. O teor dos depoimentos não foi revelado.
Além do suposto esquema envolvendo o FPM - que, segundo a PF teria gerado um rombo de pelo menos R$ 200 milhões nos cofres públicos -, a Operação Pasárgada investiga práticas de corrupção lavagem de dinheiro e evasão de divisas em contratos envolvendo o Grupo SIM e prefeituras mineiras. A defesa do Grupo SIM nega participação dos diretores da empresa nos crimes apontados pela PF.
Na primeira fase da operação, foram presas 50 pessoas, entre elas 17 prefeitos e o juiz da 12ª Vara Federal de Belo Horizonte Wellington Militão - que já foi acusado formalmente pela Procuradoria Regional da República da 1ª Região.
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