A força-tarefa da Operação Lava Jato vai investigar os empréstimos concedidos pelo BNDES a empresas inativas do pecuarista José Carlos Bumlai. O empresário foi preso na manhã desta terça-feira na 21.ª fase da Operação Lava Jato denominada “Passe Livre”. Ao ser detido, em Brasília, ele se preparava para depor na CPI do BNDES.
PF prende pecuarista amigo de Lula na 21.ª fase da Lava Jato
Leia a matéria completaA Polícia Federal também cumpriu hoje mandado de busca e apreensão na sede do banco, na Avenida República do Chile, no Rio de Janeiro. O juiz Sergio Moro determinou a apreensão de todos os documentos relativos aos empréstimos concedidos à usina São Fernando Açúcar e Álcool, à São Fernando Energia, administradas pelos filhos de Bumlai.
Duas empresas de Bumlai receberam empréstimos milionários do BNDES, entre 2008 e 2012, totalizando R$ 518 milhões. A São Fernando Açúcar e Álcool, com sede em Dourados, obteve dois deles, segundo informações da Receita Federal. Ainda de acordo com a RF, quando recebeu o dinheiro a empresa estava inativa, não tinha empregados ou receita operacional. O primeiro empréstimo do BNDES, de R$ 350 milhões, foi feito em 2008. O segundo, de R$ 64 milhões, em fevereiro de 2009.
Outra empresa do pecuarista, a São Fernando Energia, recebeu R$ 104 milhões em julho de 2012, por meio do BTG Pactual e do Banco do Brasil. Na época, contava com sete funcionários. Em agosto passado, o BNDES ingressou na Justiça com pedido de falência da empresa.
As dívidas das empresas de Bumlai superam R$ 1 bilhão, dos quais cerca de R$ 400 milhões com o BNDES. “A investigação ainda é incipiente. Por isso, MP e Receita ainda investigam a legalidade dessas transações”, afirma o procurador Diogo Castor de Mattos.
O juiz Moro determinou que fossem apreendidos, além dos contratos, análises de crédito de todas as instâncias de deliberação, pareceres, dados cadastrais, dados sobre pagamentos, correspondências e propostas de empréstimo, incluindo arquivos eletrônicos em computadores, smartphones e eventuais arquivos eletrônicos relativos a comunicações registradas.
Em nota divulgada nesta terça-feira, o BNDES confirmou que sua sede foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal, no início desta manhã. Segundo o banco, os agentes solicitaram a entrega de documentos referentes às operações com as empresas do grupo São Fernando, de Bumlai. “Os contatos ocorrem de maneira cordial e profissional, e o BNDES está fornecendo todos os originais, conforme solicitação, e mantendo cópias para seus registros”, escreveu o banco.
O BNDES disse que todos os procedimentos associados aos empréstimos são legais e que, no entendimento do banco, “não houve qualquer irregularidade nas operações”. “O BNDES possui garantias reais suficientes para fazer frente à dívida existente e todas as medidas judiciais pertinentes para a recuperação do crédito foram tomadas pela instituição”, escreveu o banco.
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