Brasília - A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Caixa de Pandora para investigar um suposto esquema de pagamento de propina pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), a parlamentares da base aliada na Câmara Legislativa Distrital numa espécie de "mensalinho brasiliense".
Após a operação se tornar pública, Arruda exonerou seu secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa. O secretário foi quem fez escutas de Arruda supostamente oferecendo propina para deputados distritais de sua base. Foram essas gravações que embasaram a investigação da PF.
As gravações foram reveladas ontem, após a operação de busca e apreensão realizada pela Polícia Federal, que recolheu R$ 700 mil, em 24 endereços de autoridades do Distrito Federal incluindo gabinetes de deputados da Câmara Distrital. O dinheiro apreendido seria fruto do suposto "mensalinho" de Arruda.
De acordo com despacho do ministro Fernando Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que autorizou a operação de busca e apreensão, a gravação de Barbosa mostraria Arruda oferecendo R$ 400 mil para a base aliada. Em outro trecho, Arruda teria ofertado outros R$ 200 mil para o "mesmo destino" os deputados distritais.
O dinheiro do suposto mensalinho teria tido origem em empresas de informática, que repassavam os recursos a autoridades do Distrito Federal para serem repassadas aos deputados. No despacho, o ministro do STJ também informa que as empresas suspeitas de participação no esquema seriam a Infoeducacional, Vertax, Adler e Linknet.
Delação premiada
Interlocutores da PF dizem que o ex-secretário Durval Barbosa ficará sob proteção policial. Ele fez as gravações depois de fazer um acordo de delação premiada para reduzir pena por crimes de corrupção a que responde da época em que esteve no governo de Joaquim Roriz antecessor e adversário de Arruda.
Já o governador Arruda não se manifestou sobre a operação. Segundo a assessoria do governo do Distrito Federal, Arruda só vai comentar a operação após tomar conhecimento do inquérito. Os assessores disseram ainda que o governo está à disposição da PF para colaborar com as investigações.
Já o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), disse entender que a ação da Polícia Federal pode ter tido motivação política. A PF é vinculada ao governo federal, comandado pelo PT, partido adversário do DEM de Arruda.
Para Agripino, o processo ainda é nebuloso e precisa de mais esclarecimentos. "É estranho que esse fato apareça agora no fim de ano, às vésperas do processo eleitoral. É um processo nebuloso que ainda precisa de esclarecimentos. Não ficou claro se envolve o governador. O DEM mantém a confiança no nosso governador para esclarecer tudo, tanto do ponto de vista da acusação, como da defesa", disse Agripino.
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