Uma das razões para a busca feita na residência oficial da Câmara, casa do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em Brasília, é a tentativa das investigações de comprovarem o crime de lavagem de dinheiro no episódio das contas ocultas mantidas pelo deputado na Suíça, segundo fontes com acesso às apurações. Parte do dinheiro movimentado nas contas é oriunda do esquema de desvios de recursos da Petrobras, conforme um primeiro mapeamento feito sobre a transação do dinheiro. Cunha usou empresas offshore e trusts para movimentar as contas e manter oculta a titularidade desses ativos.
CORRUPÇÃO NA PETROBRAS: Saiba tudo sobre a Operação Lava Jato
INFOGRÁFICO: Veja os denunciados na Operação Lava Jato
A Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão na residência oficial, na diretoria-geral da Câmara e na casa de Cunha no Rio. Os mandados foram autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Além de continuar reunindo elementos que podem levar a um pedido junto ao STF de afastamento de Cunha da presidência da Câmara, a PGR prepara denunciar o deputado pelo crime de evasão de divisas no caso das contas bancárias mantidas na Suíça. Para esse crime já há evidências suficientes, segundo procuradores da República que atuam no caso.
O grupo de trabalho que auxilia o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também investiga as supostas práticas de corrupção e lavagem de dinheiro no episódio. Essas acusações ficariam para um segundo momento. Um inquérito investiga todos esses crimes.
Cunha já foi denunciado em 20 de agosto por corrupção e lavagem, num outro inquérito. Ele é formalmente acusado de receber US$ 5 milhões em propina a partir de contratos da Petrobras para operação de navios-sonda.
O cálculo feito na PGR é que o STF só deve aceitar essa denúncia depois do Carnaval – a terça-feira de Carnaval é dia 9 de fevereiro. Se o STF aceitar a acusação, Cunha vira réu, o que complicaria sua permanência na presidência da Câmara.