A Polícia Federal (PF) confirmou que concluiu, após um ano do início das investigações, o relatório que, segundo informou nesta terça (24) o jornal "O Estado de S. Paulo", aponta o ex-governador José Roberto Arruda como o chefe de uma "organização criminosa" para desviar recursos públicos por meio de empresas contratadas pelo seu governo do Distrito Federal.
O escândalo do "mensalão do DEM", como ficou conhecido o esquema, foi revelado em novembro passado na Operação Caixa de Pandora. Arruda chegou a ser preso, saiu do DEM e foi cassado pela Justiça Eleitoral.
O G1 tentou entrar em contato com o advogado de Arruda e aguarda resposta.
A PF enviou o relatório final na semana passada ao ministro Arnaldo Esteves Lima, que conduz o inquérito da Caixa de Pandora no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O documento contém o resultado de perícias, arquivos apreendidos, novos bilhetes de Arruda, planilhas e outras informações, cruzadas com os depoimentos de Durval Barbosa, ex-secretário do DF e delator do esquema.
Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", o relatório foi concluído no dia 9 deste mês e contém 93 páginas. O documento da PF inclui deputados que disputam a reeleição no dia 3 de outubro e afirma que Arruda e seus aliados se enquadram em "formação de quadrilha" e "corrupção passiva" para obter "vantagens espúrias". A PF diz ainda que "José Roberto Arruda encabeçava uma organização criminosa voltada à captação de dinheiro bancado por empresas contratadas".
No relatório, obtido pelo jornal, a polícia aponta crimes cometidos por sete empresas, 12 integrantes do alto escalão do então governo de Arruda, além do próprio ex-governador, e pede a abertura de investigação para cada envolvido, com o objetivo de investigar lavagem de dinheiro e ocultação de bens. "Em vista das sólidas comprovações da prática de corrupção passiva", afirma o delegado Alfredo Junqueira.
De acordo com a PF, havia uma "atuação estável, em convergência de vontades, de forma organizada e com divisão de tarefas". O relatório cita parlamentares que disputam as eleições deste ano. A polícia revela planilhas apreendidas no cofre da casa e no escritório de envolvidos que apontam pagamento de propina para os deputados distritais votarem a favor do projeto que mudou o Plano Diretor (PDOT) do Distrito Federal em dezembro de 2008.