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Atualizado em 23/03/2006, às 19h24

O caseiro Francenildo dos Santos Costa e seu advogado, Wlício Chaveiro, reclamaram nesta sexta-feira da decisão da Polícia Federal de investigar não só a quebra ilegal do sigilo como também a origem do dinheiro depositado na conta violada na Caixa Econômica Federal. Segundo o senador Romeu Tuma (PFL-SP), o delegado Rodrigo Gomes Carneiro já encaminhou à Justiça Federal o pedido de quebra de sigilo telefônico e bancário do caseiro. A PF quer saber se ele recebeu alguma orientação política antes de depor na CPI dos Bingos.

A investigação da PF foi aberta a partir de um relatório da Caixa repassado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) sobre a movimentação financeira do caseiro nos últimos meses.

- O Coaf pediu uma investigação sobre a movimentação dele que evidencia prática de lavagem de dinheiro ou ato ilícito. Pode ser, porque a mãe dele é lavadeira, vai ver que sobrou dinheiro no bolso da calça e ela lavou - ironizou o advogado.

O caseiro ganhou notoriedade ao contradizer o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na CPI dos Bingos. Extratos divulgados sem autorização judicial mostram que ele recebeu cerca de R$ 38 mil de janeiro para cá. O caseiro diz que o dinheiro foi depositado por seu suposto pai biológico.

A Caixa identificou dois funcionários suspeitos de envolvimento na quebra ilegal do sigilo do caseiro. Os dois servidores teriam tido acesso à máquina de onde saiu o extrato da conta do caseiro. Reportagem do jornal "O Globo" publicada nesta quinta-feira diz que o banco poderia descobrir em minutos quem tirou o extrato.

Francenildo prestou por mais de quatro horas depoimento na PF nesta quinta-feira e, ao sair, falou com os jornalistas.

- Queria que eles investigassem o meu sigilo eleitoral para ver em quem um simples caseiro votou, se foi num simples operário que está em cima - afirmou.

O caseiro e o advogado se aborreceram quando questionados sobre o dinheiro depositado na conta e, logo depois das primeiras perguntas sobre o assunto, encerraram a entrevista. O caseiro se limitou a dizer que recebeu o dinheiro de seu suposto pai biológico e disse que, por enquanto, está satisfeito, mas espera receber mais. Ao ser perguntado se tinha algum recado para dar ao presidente Lula, ele repetiu um antigo bordão político:

- Agora é o tostão contra o milhão!

O caseiro afirma que o ministro da Fazenda freqüentava a casa em Brasília alugada por ex-assessores seus de Ribeirão Preto acusados de corrupção. Palocci nega ter ido à casa, onde supostamente negócios eram fechados.

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