Prisão preventiva
A polícia também pediu a prisão preventiva de 12 pessoas envolvidas com o traficante. Uma delas é a mulher de Ramirez-Abadía.
A organização liderada por Abadía vendia cocaína na Europa e nos Estados Unidos, onde possuía ampla rede de distribuição. O dinheiro obtido na venda era retirado dos EUA através do México, enquanto o lucro da droga distribuída aos europeus saía do continente por meio da Espanha.
Do México e da Espanha, o dinheiro era transferido para o Uruguai. Era aí que entravam em ação as empresas "laranjas" de Abadía no Brasil. As empresas, dos mais diferentes ramos, como comércio exterior, embarcações, e imóveis, faziam negócios no Uruguai, tornando lícito o dinheiro que entrava no Brasil.
Já dentro do país, o traficante investia em imóveis (hotéis e mansões), na indústria e na aquisição de carros.
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A Polícia Federal (PF) realizou, no início da noite de quinta-feira (10), uma operação na região de Campinas, a 95 km de São Paulo, com o objetivo de desmantelar uma das ramificações da organização liderada por Juan Carlos Ramirez-Abadía, acusado de ser o maior traficante das Américas. Os agentes vasculharam casas de pessoas supostamente ligadas ao colombiano que está preso na sede da PF em São Paulo. Duas pessoas foram detidas.
Abadía teria revelado aos policiais que escondia dinheiro em condomínios fechados naquela cidade. O G1 apurou que foram apreendidos dólares, euros e reais em grandes quantidades, em duas residências. Os valores não foram revelados.
Segundo uma fonte ligada à PF, duas pessoas foram detidas para averiguação na região. Uma é colombiana e a outra é brasileira. Não há informações sobre apreensão de droga. Na casa do colombiano, em um condomínio de luxo, foi encontrado dinheiro enterrado no quintal. Na residência do brasileiro, em outro ponto da cidade, foi localizado o restante do dinheiro.
Os dois detidos chegaram na madrugada desta sexta-feira (10) à sede da PF.
Pedido da Colômbia
Enquanto seguem as investigações em São Paulo, autoridades colombianas querem ouvir Abadía no Brasil. O pedido já foi feito à Justiça brasileira. A permanência do traficante na sede da PF em São Paulo é motivo de preocupação. Por isso, a qualquer momento ele pode ser levado para um presídio de segurança máxima no Paraná, em Mato Grosso do Sul ou em Presidente Bernardes, a 589 km de São Paulo.
Abadía, também conhecido por "Chupeta", era um dos traficantes mais procurados do mundo. Ele carrega a fama de ter assumido o lugar de Pablo Escobar, chefe do cartel de Medellín, morto em 1993. A recompensa por sua prisão vale, segundo autoridades norte-americanas, US$ 5 milhões.
Colaboração
Desde o dia da prisão, na terça-feira (7), Ramirez-Abadía já foi interrogado duas vezes. No depoimento desta quinta, ele disse que aceita colaborar com as investigações desde que tenha benefícios no caso de uma condenação. É a chamada delação premiada. A operação realizada na região de Campinas seria fruto da colaboração de Abadía.
A PF identificou 16 empresas que podem ter sido usadas para lavar o dinheiro do tráfico de drogas, entre a Colômbia e os Estados Unidos. Uma delas é um escritório de importação e exportação em Pinheiros, na Zona Sul da Capital, que está trancado e com dois cães soltos no estacionamento. As investigações mostraram ainda que o colombiano tentava abrir uma empresa da táxi aéreo no país.
No Brasil, Ramirez-Abadía é processado por lavagem de dinheiro. A PF diz que ele não se afastou dos traficantes colombianos. "Ele estava aqui para lavagem de dinheiro. Mas ele não deixou de participar do grupo que vinha traficando", disse Jaber Saad, superintendente da PF.
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