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Os 150 policiais federais e militares mobilizados para a operação de despejo dos índios que ocupavam três fazendas em Antonio João (300 quilômetros ao sul de Campo Grande), não tiveram trabalho para cumprirem a missão nesta quinta-feira. Antes mesmo de amanhecer, os índios deixaram os barracos e se posicionaram fora das fazendas onde, pintados eportando arcos e flechas, cantavam, dançavam e rezavam liderados pelos caciques. Durante a operação, a Polícia Federal deteve dois jornalistas de uma emissora estatal da Holanda, que estavam produzindo um documentário sobre os índios guarani-caiuás de Mato Grosso do Sul.

O argumento da PF é de que os jornalistas Tetra Anganiete Spreiji e Jefrim Rothuizen foram detidos por estarem trabalhando sem a permissão do governo brasileiro, já que eles tinham apenas vistopara turista. Os jornalistas holandeses foram levados para a sede da Polícia Federal em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai. Eles foram liberados no início da tarde, depois de serem ouvidos e pagarem multa de R$ 414,00 cada.

A jornalista holandesa que trabalha com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Geerje Wanderpas, que acompanhou o caso dos colegas dela, disse que eles não fizeram nenhuma reclamação quanto à ação dos policiais. Segundo ela, a equipeda TV holandesa está no Brasil produzindo documentário sobre os índios daqui e nesta semana vieram a Mato Grosso do Sul.

Wanderpas afirmou que Tetra e Jefrim disseram que ficaram impressionados com o aparato policial mobilizado para o despejo dos índios, que já estavam fora da área de litígio e apenas cantando e rezando. O que mais impressionou os jornalistas foi a pressão psicológica que os índios sofreram por parte dos policiais.

Desde o início da manhã, helicópteros sobrevoavam a área, em vôos rasantes. Além disso, para a operação foram mobilizados opelotão da cavalaria de Campo Grande e cães adestrados da Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais (Cigcoe).

O despejo dos cerca de 500 índios guarani-caiuás foi determinado pela Justiça Federal, que expediu mandado de reintegração de posse aos proprietários das fazendas Morro Alto, Ita Brasília e Piquiri Santa Creuza. Em março deste ano, o presidente Luis Inácio Lula da Silva homologou essas áreas como sendo pertencentes à reserva indígena Nhanderu Marangatu e que tem mais de 9,3 mil hectares. A área está em disputa há 20 anos. Hácinco anos esse grupo de indígenas ocupou parte das fazendas, onde construíram os barracos e fizeram as lavouras.

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