A Polícia Federal emitiu nota, na tarde desta quinta-feira (16), negando que haja desmantelamento da Operação Lava Jato com a recente saída de delegados que atuavam nas investigações. Nesta semana, o delegado Márcio Adriano Ancelmo anunciou que aceitou um convite para comandar a corregedoria do Espírito Santo. Ele pediu desligamento da operação no ano passado alegando “esgotamento físico e mental”, após três anos nas investigações da força-tarefa.
Ancelmo foi um dos responsáveis pela investigação do escândalo de corrupção na Petrobras, que identificou um esquema de lavagem de dinheiro do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), que morreu em 2010. Porém, nos bastidores o delegado travou duros embates com a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lava Jato enfrenta crise interna que pode levar à saída de diretor-geral da PF
Leia a matéria completaNo comunicado, a PF informa que o recurso orçamentário para a coordenação da Lava Jato para este ano foi aprovado e liberado, incluindo diárias e passagens. O documento é assinado pelo diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra; o diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado (Dicor), Maurício Leite Valeixo; o superintendente Regional da PF no Paraná, Rosalvo Ferreira Franco, e o coordenador Regional Adjunto da Operação Lava Jato, Maurício Moscardi Grillo.
A nota diz ainda que o nome do delegado substituto de Ancelmo já está acertado, embora ainda não tenha sido divulgado. Márcio Adriano Ancelmo não foi o único delegado a deixar a força-tarefa. Em novembro, a delegada Érika Marena já havia deixado a operação para chefiar a área de combate à corrupção e desvios de verbas públicas da Superintendência da PF em Santa Catarina. Marena é considerada um dos mais importantes quadros da investigação, sendo a responsável por batizar a operação de “Lava Jato”.
Delegados e agentes ouvidos pela corregedoria
Embora a nota da PF procure acalmar os ânimos, o clima em Curitiba é tenso. Na última segunda-feira, corregedores da Polícia Federal de Brasília ouviram delegados e agentes da força-tarefa sobre a suspeita de instalação de grampo, sem autorização judicial, no fumódromo da carceragem e na cela do doleiro Alberto Youssef em março de 2014. A reportagem apurou que o agente acusado de instalar a escuta foi um dos que prestou depoimento.