A Polícia Federal encontrou irregularidades em pagamentos realizados pela chapa da ex-presidente Dilma Rousseff e de seu vice Michel Temer a três gráficas na campanha eleitoral de 2014.
O relatório referente às buscas solicitadas pelo Tribunal Superior Eleitoral foi enviado na semana passada para a Corte, no âmbito da ação que pede a cassação da chapa, e teve seu conteúdo divulgado na terça-feira (24) pela GloboNews.
A polícia afirma que há elementos que permitem concluir que parte dos valores oficialmente apresentados como pagamentos às gráficas “não foi, de fato, direcionada a essa atividade”.
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Leia a matéria completaSegundo a PF, parte do dinheiro, declarado como verba de campanha, foi desviado para pessoas físicas e jurídicas “em benefício próprio ou de terceiros”.
O relatório também aponta indícios de que possa haver repercussão na esfera criminal, pelo uso de pessoas interpostas para finalidades como ocultação de bens e valores.
Em dezembro, os agentes visitaram empresas subcontratadas por gráficas que, segundo as investigações já realizadas, não teriam prestado os serviços contratados. Os principais alvos foram, na ocasião, a Rede Seg Gráfica, VTPB Serviços Gráficos e a Focal Confecção e Comunicação. O objetivo era verificar se as empresas tinham capacidade operacional para entregar os produtos. Segundo os investigadores, elas não conseguem provar a realização dos serviços.
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Leia a matéria completaNo relatório, a PF afirma ainda que há indícios de irregularidades não só na área eleitoral, como também na criminal. A corporação diz que identificou elementos que apontam para a “interposição de pessoas com a finalidade de ocultar ou dissimular” a origem e a movimentação de verbas.
Segundo a PF, o esquema funcionava assim: essas três gráficas receberam R$ 56 milhões da campanha. Em cada uma delas havia um núcleo que movimentava esse dinheiro por meio de laranjas e empresas subcontratadas. A Polícia Federal diz que elas não tinham capacidade para prestar o serviço.
A maior quantia foi paga à VTPB, R$ 26 milhões do PT e do PMDB. Mas, segundo os investigadores, ela não funcionou no endereço alugado. A Focal recebeu R$ 24 milhões e, segundo a Polícia Federal, apesar de outra pessoa ser apontada como dono, o proprietário de fato da empresa era Carlos Cortegoso, que se utilizou de laranjas para receber dinheiro de campanha.
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Leia a matéria completaNovos depoimentos foram marcados para o dia 8 de fevereiro. A ação, no entanto, ainda não tem data para ser julgada. Ela está nas mãos do ministro Herman Benjamin, do TSE.
A investigação sobre as contas de campanha da chapa Dilma-Temer se iniciaram logo após as eleições de 2014 e hoje reúnem, além da Polícia Federal, a Receita Federal e o Conselho de Contrele de Atividades Financeiras (Coaf).
O PT, o PMDB e as gráficas envolvidas negam irregularidades. O Palácio do Planalto não se manifestou.
A ação no TSE, protocolada pelo PSDB logo após a eleição de 2014, alega abuso de poder político e econômico na disputa. A principal acusação é de que a campanha foi abastecida com dinheiro de propina desviado da Petrobras, suspeita negada pelas defesas de Dilma e Temer.