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Outro lado

Estatal nega ter pago a Ecoglobal; empresário diz desconhecer doleiro

A Petrobras informou em nota que não houve qualquer desembolso em relação ao contrato de R$ 444 milhões com a Ecoglobal, empresa que está sendo investigada pela Polícia Federal (PF) por contratos com a estatal. A Petrobras diz que o contrato em questão foi assinado em 30 de julho de 2013 e "precedido de regular procedimento licitatório", firmado para fornecimento de equipamentos, pela Ecoglobal Overseas LLC, e prestação de serviços de Avaliação de Formações, pela Ecoglobal Ambiental Comércio e Serviços Ltda.

O prazo previsto é de quatro anos, a contar de 24 de julho de 2014, "quando há previsão de início dos serviços". "A partir desta data o contrato estará disponível no Portal da Transparência, pois até o momento não houve qualquer desembolso por parte da companhia no referido contrato", diz a nota. A Petrobras informa, ainda, que vem colaborando com as investigações.

O dono da Ecoglobal, Vladimir Magalhães da Silveira, negou que tenha vinculação contratual ou pessoal com o doleiro Alberto Youssef e com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto da Costa. "Nunca tive contato com eles, não os conheço", afirmou.

PF investigará suspeita de escuta em cela

A Polícia Federal (PF) negou ontem ter feito escuta ilegal na cela em que está preso o doleiro Alberto Youssef na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, mas informou que vai investigar a suspeita. Em nota, a PF informou que, durante revista de rotina às celas na quinta-feira, foi encontrado um "equipamento eletrônico estranho àquele ambiente". O aparelho foi apreendido e passará por uma perícia técnica.

A 13.ª Vara Federal do Paraná, onde corre o processo da Lava Jato, não solicitou a instalação de nenhuma escuta ambiente na cela em que está o doleiro. Uma fonte ligada à PF informa que o dispositivo já estava na cela antes da prisão do doleiro e que não foi usado.

Anteontem, o advogado de Youssef, Antônio Augusto Figueiredo Basto, solicitou investigação à Justiça Federal. Segundo uma perícia realizada por escritório contratado pelo advogado e anexada ao pedido de investigação, o equipamento usava chip de celular para escutar as conversas na cela em tempo real. "É um absurdo tudo isso e, acima de tudo, é ilegal", disse o advogado ao site G1.

A Polícia Federal (PF) iniciou ontem uma segunda etapa da Operação Lava Jato. Agentes da PF cumpriram um mandado de busca e apreensão na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro. O desdobramento da operação ocorre no momento em que oposição e governo duelam pela instalação de uma CPI sobre a estatal no Congresso.

INFOGRÁFICO: Veja a rede de relacionamentos de Youssef

Nessa segunda etapa da Operação, a PF apura a legitimidade de um contrato firmado entre a Petrobras e a empresa Ecoglobal Ambiental Comércio e Serviços no valor de R$ 443,8 milhões. A suspeita é que a contratação tenha sido influenciada pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, presos desde o dia 17 de março na Superintendência da PF em Curitiba. Em nota, a Petrobras informou que não houve desembolso em relação ao contrato.

Ontem, o doleiro Rinaldo Gonçalves de Carvalho, ligado a Youssef, foi preso em São Paulo. O advogado dele não foi localizado. No Rio, o dono da Ecoglobal, Vladimir Magalhães da Silveira, foi levado pela Polícia Federal para prestar depoimento e depois liberado. Ele negou ter fechado negócio com Youssef e Costa.

A autorização para a operação de ontem, dada em decisão da 13.ª Vara Criminal da Justiça Federal no Paraná, mostra que, na época em que o contrato foi firmado, 75% das cotas das empresas Ecoglobal estariam sendo negociadas por R$ 18 milhões para o grupo empresarial Quality Holding, do qual participa Youssef, e da Sunset Global Participações, da qual Costa participa, e ainda pela Tino Real Participações. "O próprio negócio da cessão de cotas é condicionado à efetivação do contrato da Ecoglobal com a Petrobras. A esse respeito, consta nos autos carta-proposta confidencial subscrita pelos negociantes e datada de 18/09/2013", cita trecho da decisão. "Os fatos sugerem atuação dos compradores das empresas Ecoglobal na obtenção do contrato junto à Petrobras, ainda não esclarecidos os meios, com concomitante aquisição da referida empresa, sugerindo que não poderiam estar antes no quadro social, o que gera fundada suspeita da licitude", cita a decisão da Vara Criminal.

Para ressaltar a suspeita de ilicitude do contrato, o documento da Vara Criminal apontou ainda o possível envolvimento de Youssef em crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, assim como o suposto envolvimento do ex-diretor da Petrobras em crime de corrupção ativa. O juízo cita ainda a contradição no valor estabelecido para a venda das ações da Ecoglobal e o lucro previsto no contrato com a Petrobras. "(...) causa estranheza que empresa que logre obter contrato de 443 milhões de reais seja negociada na mesma época, 75% das cotas, por 18 milhões".

Documentos

Ao longo do dia, a PF apreendeu documentos em São Paulo, Campinas, Macaé, Niterói e Rio de Janeiro. Parte do material foi entregue no início da noite na Superintendência Regional da PF no Paraná. Na sede da Petrobras, no Rio, a própria presidente da empresa, Graça Foster, recebeu os policiais e forneceu os documentos pedidos.

A atuação da PF repercutiu em Brasília. O senador Randolfe Rodrigues, pré-candidato do PSol à presidência da República, disse que a aprovação de uma CPI exclusiva para investigar a Petrobras no Congresso é "inevitável". "É uma necessidade cada vez mais urgente."

Transferência

O juízo da 13.ª Vara Federal do Paraná irá ouvir a manifestação da defesa e do Ministério Público Federal antes de decidir pela transferência dos doleiros Alberto Youssef e Carlos Habib Chater e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de Curitiba para o presídio federal de segurança máxima de Catanduvas (PR). Eles estão detidos na carceragem da Superintendência da Polícia Federal (PF) da capital. O pedido foi feito anteontem pela PF e inclui a solicitação de transferência de outros 11 envolvidos na operação Lava Jato para prisões estaduais.

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