Atualizado em 26/07/06, às 18h31
Seis pessoas já foram presas na Operação Mão-de-Obra, deflagrada pela Polícia Federal e pela Agência Brasileira de Inteligência na manhã desta quarta-feira contra uma quadrilha especializada em fraudar licitações de órgãos públicos. A PF cumpre mandados de prisões e de buscas e apreensões de documentos nos ministérios do Transportes, da Ciência e Tecnologia, da Justiça, na Abin, no Senado e no Departamento de Produção Mineral. Quatro dos presos estão na PF em Brasília, para onde também foram levados os documentos apreendidos durante a operação.
Entre os presos, estão três empresários: Vitor Cúgola, da prestadora de serviços Conservo, Márcio Pontes Veloso, da Brasília Informática, e José Carvalho, da prestadora de serviços Ipanema. Segundo a PF, Cúgola e Veloso são acusados de chefiar o esquema.
As três empresas prestam serviços de segurança e limpeza nos órgãos federais investigados. Num revezamento, sempre uma das três empresas vencia as licitações. A PF está investigando 12 contratos de prestação de serviços. Apenas um deles, assinado entre uma empresa e Ministério da Justiça, é da ordem de R$ 25 milhões.
Também foram presos nesta quarta-feira Paulo Duarte, funcionário da Ipanema; Rosana de Souza Cardoso, da Conservo; e o funcionário público Geraldo Luiz Ferreira dos Santos, da Abin. A polícia suspeita do envolvimento de mais 20 pessoas no esquema, dos quais 13 seriam empresários e funcionários de empresas de informática e prestação de serviços.
A operação conta com o apoio da Controladoria Geral da União (CGU), que fará uma auditoria completa em cerca de 15 contratos das empresas. Ainda não há confirmações sobre o prejuízo total contra os cofres públicos. De acordo com a investigação da PF, em conjunto com o Ministério Público Federal, a quadrilha realizava acertos para "lotear" grandes licitações de órgãos públicos.
Segundo a PF, o grupo pagava propina a servidores públicos em troca de informações privilegiadas e a partir daí faziam acertos para definir previamente quem venceria a licitação. Algumas empresas recebiam apenas para simular a participação na concorrência e dar aparente legalidade ao processo.
A ação desta quarta-feira é um desdobramento da Operação Sentinela, realizada pela Polícia Federal em dezembro de 2004, que resultou na prisão de quatro funcionários do TCU e de um gerente da Confederal, empresa do ex-ministro das Comunicações, Eunício Oliveira.
Os 30 mandados de prisão e de busca e apreensão foram expedidos pelo juiz José Airton de Aguiar Portela, da 12ª Vara Federal. Os investigados são acusados de fraude a licitações, formação de cartel, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva. A operação conta com 170 policiais.
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