A Polícia Federal, com a colaboração do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), desencadeou na manhã desta terça-feira a Operação Daniel, para desarticular uma quadrilha que agia na falsificação de documentos florestais e abertura de empresas fantasmas para exploração ilegal de madeira e sonegação de impostos. Até agora a polícia já prendeu uma advogada, três policiais rodoviários federais do Mato Grosso, funcionários do Ibama e empresários. A PF cumpre 58 mandados de prisão e 60 de busca e apreensão.
A quadrilha, que era integrada por empresários do ramo madeireiro, lobistas, contadores, advogados e alguns servidores do Ibama, atuavam na região de Ji-Paraná, São Miguel, São Francisco do Guaporé, Costa Marques, Cacoal, Pimenta Bueno e outros municípios do estado de Rondônia. A quadrilha contava ainda com o suporte criminoso de policiais rodoviários federais lotados na cidade de Rondonópolis, no Mato Grosso, os quais garantiam o escoamento pelas rodovias federais do produto florestal retirado da Floresta Amazônica.
As investigações tiveram início em março de 2006, a partir de denúncias de servidor do Ibama, que ao saber sobre as atividades criminosas da organização, levou ao conhecimento da Polícia Federal, cooperando com as investigações policiais.
A quadrilha atuava de diversas maneiras promovendo o comércio de madeira ilicitamente retirada das unidades de conservação do estado de Rondônia ou de desmatamentos desautorizados. Os servidores públicos federais envolvidos, responsáveis pela fiscalização do Ibama, foram corrompidos pelos empresários do ramo madeireiro, em troca da facilitação e omissão na fiscalização, liberando Autorizações de Transporte de Produtos Florestais (ATPFs) para as empresas constituídas em nome de "laranjas", que efetuavam o "calçamento" de ATPF.
O esquema vinha se utilizando de declarações falsas de compra e venda de madeira e reposição florestal e ainda "calçando" ATPF (fraude que consiste em declarar volume superior de madeira na via que segue com a carga), comercializadas pelos membros da organização criminosa por valores que giram em torno de R$ 4 mil a R$ 5 mil cada uma.
Participam da operação 250 policiais federais das Superintendências de Rondônia, Roraima, Amazonas, Acre, Mato Grosso e do Distrito Federal, além de servidores do Ibama. Os presos responderão pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, corrupção ativa, violação de sigilo funcional, concussão e crimes ambientais e ficarão à disposição da Justiça Federal no sistema penitenciário do Estado de Rondônia.
A operação Daniel é a décima terceira de uma seqüência de ações repressivas realizadas em parceria pela Polícia Federal e o Ibama contra quadrilhas que atuam de maneira organizada na área do meio ambiente. Ela se desenvolve na esteira de outras ações da mesma natureza, como as operações Curupira I e II, Ouro Verde, Trinca-Ferro, Novo Empate, Isaías e Euterpe. A ação consolida a atividade de repressão aos crimes ambientais como uma das mais importantes atribuições do Departamento de Polícia Federal e do Ibama.
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