Rio (AG) A Polícia Federal decidiu indiciar o empresário Marcos Valério, o publicitário Duda Mendonça, o ex-presidente do PT José Genoíno e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido. Todos serão acusados por evasão de divisas, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro.
Em depoimento à CPI dos Correios, Duda confessou ter aberto uma conta no paraíso fiscal das Bahamas, em que recebeu R$ 10,5 milhões de Marcos Valério, por serviços prestados ao PT em campanhas eleitorais. Segundo Duda, Delúbio tinha conhecimento da transação.
Para a PF, Genoíno também é responsável pela operação financeira porque na época era presidente do PT. Com base nessas informações, o delegado responsável pelo inquérito decidiu indiciar os quatro.
Até a próxima sexta-feira, a PF quer ouvir os deputados petistas João Paulo Cunha, Josias Gomes e José Mentor. Os três são acusados de receber dinheiro das contas de Valério. Desde o início da semana o delegado está tentando agendar os depoimentos, mas, como eles são parlamentares e têm foro privilegiado, em vez de serem convocados, são apenas convidados a depor. Por isso, podem negociar o dia e a hora em que querem falar.
Genoíno disse que não entraria em detalhes sobre a decisão da PF. Por telefone, Genoíno disse não ter sido ouvido nem citado no processo. "Não vou opinar, quem vai falar é o meu advogado (o criminalista Luiz Fernando Pacheco). Não fui ouvido nem citado por ninguém. E do jeito que as coisas estão o melhor é falar por escrito", disse ele.
Logo depois, Luiz Fernando Pacheco divulgou nota oficial em que diz considerar "açodada, prematura e espetaculosa" a cogitação de a PF pedir o indiciamento do ex-presidente do PT. Além disso, Genoíno considerou a hipótese de indiciamento como "mais uma injustiça".