sete obras
da Petrobras tocadas pela Odebrecht teriam tido irregularidades, segundo o documento do indiciamento da Polícia Federal.
Os presidentes de duas das maiores construtoras dos país – Odebrecht e Andrade Gutierrez – foram indiciados pela Polícia Federal (PF) no inquérito da 14.ª fase da Operação Lava Jato. A investigação envolvendo Marcelo Odebrecht e outras sete pessoas foi finalizada nesta segunda-feira (20). Já o indiciamento do presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, e de outras oito pessoas ligadas à empreiteira ocorreu no domingo (19) . Os relatórios foram remetido ao Ministério Público Federal, que tem até sexta-feira para decidir se oferece ou não a denúncia contra os investigados à Justiça.
No relatório da Odebrecht, foram apontados indícios de irregularidades em sete obras da empreiteira para a Petrobras, em que teriam ocorridos crimes de fraude em licitação, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e formação de cartel. Sobre o empresário Marcelo Odebrecht, preso desde o mês passado, a PF cita que ele não só tinha conhecimento e participação nos ilícitos como teria tentado “obstaculizar as investigações”.
A PF concluiu ainda que Marcelo Odebrecht teve postura ativa nas irregularidades. O relatório afirma que anotações feitas pelo empresário em seu celular mostram a influência que ele exercia nas autoridades – segundo a PF, algumas siglas faziam referências a políticos. Os delegados apontam ainda que ele pretendeu adotar postura de confronto com as investigações. O relatório diz que ele tinha como “plano B” usar “dissidentes” da própria PF.
Já no inquérito que aponta a participação de executivos da Andrade Gutierrez no esquema, a PF indicou os crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro, fraude em licitações e crimes contra a ordem tributária. O relatório concluiu que “há indícios veementes de ajuste” entre empresas para obras que acabaram executadas pela empreiteira, “o que se extrai não apenas da fala de colaboradores, mas de evidências apreendidas no curso da operação, as quais se coadunam com o que veio a ocorrer junto aos certames”.
A PF citou depoimentos de delatores do esquema que indicam o pagamento de propina para funcionários da Petrobras em troca de facilidades na obtenção e manutenção de contratos.
Outro lado
Em nota, a assessoria da Odebrecht afirmou que “embora sem fundamento sólido, o indiciamento já era esperado” e que seus cinco funcionários investigados “aguardarão a oportunidade de exercer plenamente o contraditório e o direito de defesa”. As demais defesas de indiciados nesse inquérito não foram localizadas pela reportagem.
Também por meio de nota, a Andrade Gutierrez reafirmou “que não tem ou teve qualquer relação com os fatos investigados pela Lava Jato”. A assessoria diz ainda que não existem fundamentos ou provas que justifiquem a prisão e o indiciamento de seus executivos e ex-executivos.