A Polícia Federal (PF) investiga como um feto de quase 9 meses sumiu do Hospital Universitário Júlio Müller, em Cuiabá (MT). Valdir Rodrigues e Inêz Rocha, pais da criança, esperam por informações sobre o corpo do filho há dois meses. Inêz foi internada para um parto de urgência no final de abril deste ano.
De acordo com o laudo médico divulgado pelo hospital na época, Inêz estava com dengue e a ultra-sonografia mostrou que a criança morreu ainda na barriga da mãe, por uma complicação obstétrica chamada circular de cordão umbilical (quando o cordão envolve o pescoço do feto e não permite a passagem de sangue).
Desde então, os pais não tiveram mais notícias sobre o bebê. "Nós não chegamos a ver a criança. Eu quis vê-lo e o hospital não deixou, disse que o horário não permitia. No dia seguinte, quando fui saber dele, me avisaram que o corpo havia sumido", contou Rodrigues.
O superintendente do hospital, José Carlos Amaral Filho, disse que, logo depois do parto, o feto foi levado para o serviço de verificação de óbito. "Quando a causa é circular de cordão umbilical, normalmente liberamos logo para o enterro. No entanto, por causa da doença da mãe, os médicos responsáveis acharam que era importante fazer necropsia", explicou.
Segundo Amaral Filho, na manhã seguinte, quando começariam os procedimentos de verificação, o feto não foi encontrado. "Demorou 24 horas para checarmos o paradeiro dele por meio dos nossos procedimentos internos. Depois dessa busca é que demos a notícia para a família, que já sabia que ele havia nascido morto."
O casal está inconformado com o desaparecimento do corpo do filho. "Eu nunca ouvi nenhuma história parecida, de o hospital não deixar ver o filho morto e depois ele sumir. Dá para ficar imaginando mil coisas a respeito do que possa ter acontecido, inclusive que ele estava vivo e foi vendido", disse Rodrigues.
Versão do hospital
O superintendente do hospital descarta a possibilidade de que o bêbe tenha nascido vivo e sido enviado por algum funcionário para o esquema de tráfico de crianças. "Isso está completamente fora de questão. Jamais houve qualquer coisa parecida no hospital."
Para ele, as investigações internas do hospital levam a crer que o feto foi colocado no lixo hospitalar, junto com lençóis. "Esse feto ficou envolvido em um tecido, um tipo de lençol, e era muito pequenininho. O lençol ficou na parte superior da geladeira, na câmara fria, e pode ser que alguém da limpeza tenha pego sem perceber", disse.
Investigações da PF
A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso e realizou uma perícia no hospital logo após o desaparecimento do feto.
As pessoas que estavam de plantão nos dias 25 e 26 de abril foram intimadas a prestar depoimentos. A polícia trabalha com várias linhas de investigação e não descarta o envolvimento de funcionários no caso.
O delegado regional da PF de Mato Grosso, José Maria Fonseca, disse que a polícia está intrigada com o destino que pode ter sido dado a esse feto. "Vamos buscar efetivamente o que é que poderiam fazer. Não se subtrai um cadáver de um hospital sem que se tenha motivo", afirmou.
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