Sete partidos políticos (PPS, PSB, PDT, DEM, PP, PMDB e PSDB) são citados na Operação Castelo de Areia, deflagrada ontem pela Polícia Federal, como supostos destinatários de doações de recursos ilícitos a partir de esquema envolvendo diretores da construtora Camargo Corrêa e doleiros. Segundo a PF, a trama consistia em licitações fraudulentas, obras públicas superfaturadas e remessa de valores desviados do Tesouro para paraísos fiscais. A primeira etapa da investigação aponta para evasão de R$ 20 milhões, em estimativa da Procuradoria da República.
A operação prendeu 10 pessoas e vasculhou 16 endereços, onde foram recolhidos computadores, armas, quadros, documentos e pelo menos R$ 1 milhão em dinheiro. A força-tarefa estava em busca de um pen drive onde estaria armazenada a suposta contabilidade paralela da organização e uma lista de políticos beneficiados. Auditores do Tribunal de Contas da União acompanharam a blitz. "Há fortes indícios de que a empresa utilizava-se de offshores e do sistema de dólar cabo para remessas de quantias para o exterior", disse o delegado Alberto Iegas, coordenador da PF em São Paulo do combate ao crime organizado. Em nota, a Camargo Corrêa negou irregularidades e se declarou "perplexa".
Quatro executivos da empreiteira foram detidos. Também foram presos quatro doleiros e duas secretárias da diretoria da construtora. Interceptações telefônicas da PF mostram investigados falando de políticos que teriam recebido dinheiro, entre eles os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA) - R$ 300 mil para o primeiro, R$ 200 mil para o tucano. Os dois confirmaram a captação dos recursos, mas alegam que foram doações registradas na Justiça Eleitoral. Também há citações, em conversas de terceiros que a PF monitorou, ao empresário Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e a um diretor da entidade, identificado como Luiz Henrique. A Fiesp negou participação em qualquEr esquema.