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Delta chegou a contratar uma das empresas suspeitas | Euclides Eutrami Jr./ Futura Press
Delta chegou a contratar uma das empresas suspeitas| Foto: Euclides Eutrami Jr./ Futura Press

Pagamento

Empresa controlada por doleiro pagou assessor de ministro

Agência O Globo

A MO Consultoria Comercial e Laudos, uma das empresas controladas pelo doleiro Alberto Youssef, fez pagamento a um assessor do ministro Garibaldi Alves, da Previdência Social. A transação apareceu na quebra de sigilo bancário das empresas de Youssef na primeira fase da Operação Lava Jato, investigação sobre lavagem de dinheiro e evasão de divisas. O doleiro está preso em Curitiba.

Um documento mostra que a MO Consultoria fez um depósito de R$ 20 mil na conta de José Wilde de Oliveira Cabral em 31 de março de 2011. Wilde é assessor especial de Alves e acumula o cargo de coordenador de Comunicação do ministério. A MO está em nome de Waldomiro de Oliveira, mas era usada por Youssef para movimentar dinheiro de empreiteiras. Wilde confirmou o pagamento, mas argumentou que prestou serviço de relações públicas para uma empresa de São Paulo em 2010 e que recebeu por intermédio da MO. O assessor alegou sigilo comercial para não revelar o nome da outra empresa. "Não sei nem o que é a MO. Fiquei decepcionado quando eles recomendaram a MO", disse. No período, Wilde era assessor especial do gabinete de Alves no Senado.

O relatório final da Operação Lava Jato, concluído na terça-feira pela Polícia Federal (PF), terá, no mínimo, três desdobramentos. Os novos inquéritos darão atenção a situações que apareceram na operação mas não foram investigadas a fundo.

Um deles irá se debruçar sobre a Labogen, indústria de medicamentos. A empresa funcionaria como fachada para lavagem de dinheiro do doleiro Alberto Youssef. A PF interceptou uma troca de mensagens entre o doleiro e o deputado federal André Vargas (PT-PR), então vice-presidente da Câmara dos Deputados, na qual Youssef pede para o petista interceder pelo laboratório no Ministério da Saúde.

Outro inquérito vai tratar da Malga Engenharia. Para a PF, a empresa estaria registrada em nome de laranjas e pertenceria a Youssef. A Malga chegou a ser sublocada pela Delta Construções, do empresário Fernando Cavendish, para atuar em obras de recuperação da BR-163, entre Guaíra e Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná. A Delta é suspeita de ter desviado R$ 300 milhões de obras públicas.

Uma terceira investigação terá como foco a MO Consultoria, empresa de fachada que seria utilizada pelo doleiro em negócios ilícitos com a Petrobras. A PF suspeita que entraria na conta da MO dinheiro de propina paga por empresas com interesse em fornecer à Petrobras. Parte do valor seria depois repassado a políticos e funcionários públicos. "Além da apresentação dos resultados da análise do material apreendido, igualmente serão oportunamente apresentadas as sugestões para os pertinentes desdobramentos", afirma o relatório final da Lava Jato, que pediu o indiciamento de 46 pessoas.

Ontem, a defesa de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que está preso, solicitou ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região a transferência dele para o Rio de Janeiro. A defesa também requereu a revogação da prisão, já que Costa foi preso para a PF investigar o crime de corrupção ativa, mas Costa não foi indiciado por este crime. Ele irá responder por falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa.

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