Atualizado em 17/10/2006, às 18h29

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Responsável pelas investigações da maior tragédia da aviação comercial brasileira, o delegado Renato Sayão negou, por intermédio da assessoria de imprensa da Polícia Federal, que tenha recebido qualquer gravação que comprovaria um contato dos pilotos do Legacy 600 com a torre de controle de Brasília momentos antes do acidente com o Boeing 737-800 da Gol, que matou 154 pessoas. Na Força Aérea Brasileira (FAB), a existência da gravação da conversa entre os pilotos do Legacy e a torre também não é confirmada.

A Agência Estado divulgou nesta terça-feira trechos de uma fita que teria sido entregue pela FAB à Polícia Federal com o diálogo entre o controle de vôo de Brasília e o comandante do Legacy. Na gravação, Joseph Lepore pede autorização ao controlador de vôo para descer de 37 mil para 36 mil pés de altitude. Naquele momento o Legacy estava a 55 quilômetros antes do ponto em que a mudança seria obrigatória. A instrução do controlador teria sido para o piloto do Legacy manter a altitude, a mesma na qual voava o Boeing da Gol.

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A assessoria da PF informou ainda nesta terça-feira que o delegado Sayão não reclamou de suposta demora no envio de informações da Aeronáutica sobre o acidente, e que o encontro desta segunda-feira com o ministro da Defesa, Waldir Pires, teve o objetivo de centralizar os pedidos no ministério. Nesta segunda, o delegado teria criticado a Aeronáutica pelo atraso na liberação de informações essenciais à investigação do desastre.

E a reclamação surtiu efeito. No fim da tarde desta terça-feira, Renato recebeu do Comando da Aeronáutica a lista dos controladores e supervisores que estavam de serviço no dia do acidente, marcando o início do trabalho conjunto entre os dois órgãos. Com isso, ele deve marcar para o depoimento dos técnicos, que será em sigilo, para os próximos dias. Sayão também negou que a PF tenha recebido relatório ou dados de uma suposta gravação sobre o vôo 1907, como foi publicado nesta terça-feira pela imprensa. Está confirmado para quinta-feira depoimento de um técnico da Embraer em Brasília.

Nesta terça-feira, o ministro da Defesa reiterou que a PF terá todas as informações e disse que solicitou ao Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) os dados pedidos por Sayão, entregues no fim da tarde desta terça.

Caixas-pretas: leitura é bem-sucedida

A leitura das caixas-pretas do Boeing e do Legacy foi concluída no Canadá. Apesar de danificadas, todos os dados foram preservados e a leitura foi bem-sucedida. A comissão que investiga o acidente deve chegar quinta-feira ao Brasil com todas as informações . Além desses dados, o delegado quer que a Aeronáutica faça uma perícia no equipamento do Legacy que se comunica com o radar, o transponder. Só depois de estudar esse material é que o Renato vai marcar o depoimento dos pilotos do Legacy.

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Ainda faltam duas vítimas a serem resgatadas

Ainda nesta segunda-feira, o Instituto Médico Legal de Brasília confirmou a identificação de 152 vítimas. Os nomes ainda não foram revelados. Até este domingo, eram 149 o número de identificados. O trabalho dos legistas corrigiu o número de corpos na área do acidente que ainda faltam ser resgatados. São 2 e não 4 como chegou a ser divulgado pela FAB. E a diretora da Divisão de Comunicação da Polícia Civil do Distrito Federal, delegada Valéria Raquel Martirena, admitiu nesta segunda a possibilidade de que as equipes de busca no local do acidente não consigam mais localizar o restante dos corpos das vítimas.

Buscas são retomadas nesta terça

E a cada dia que passa fica mais difícil a localização do cilindro da caixa-preta (que contém o registro de voz da tripulação) do Boeing da Gol e o resgate das últimas vítimas da tragédia. O comando da operação suspeita que o equipamento esteja enterrado.

As buscas pelas últimas duas vítimas e pelo cilindro de voz foram retomadas nesta terça-feira. O equipamento tem que ser enviado ao Canadá para a transcrição dos diálogos entre a tripulação do Boeing. O efetivo de homens no resgate foi reduzido nesta terça. Parte foi deslocada para o Espírito Santo para ajudar nas buscas pelas vítimas da queda do avião bimotor na sexta-feira.

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