A Polícia Federal (PF) vai pedir a prorrogação do inquérito sobre o grampo telefônico envolvendo o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. A informação foi divulgada hoje (2) pelo setor de comunicação da PF. A investigação, iniciada em 1º de setembro, é conduzida pelos delegados federais Rômulo Berredo e William Murad.
O ministro da Justiça, Tarso Genro, comentou neste quinta-feira (2) as possibilidades dos grampos terem sido feitos a partir do Senado, por empresas interessadas em licitações na Casa ou na própria operadora de celular usada por Gilmar Mendes, segundo reportagem do jornal O Globo, citando fontes do Ministério Público Federal (MPF). Procurado, o MPF não confirmou ter repassado ao jornal as informações.
"Isso vem precisamente na direção que nós vínhamos tratando o assunto. Eu sempre disse que hoje tem dispositivos tecnológicos para qualquer pessoa privada, fora do Estado, possa utilizar e fazer escuta. Se isso se confirmar, fica claro duas coisas. Que a PF até agora tem feito escutas telefônicas com ordem judicial e não faz escutas ilegais. E segundo: isso confirma que o projeto de lei que remetemos à Câmara é altamente necessário, pois bate nos grampeamentos ilegais feitos por pessoas públicas ou privadas e pune exemplarmente", disse o ministro.
Perguntado se havia possibilidade de o grampo contra o STF ter sido feito por um agente da PF de forma isolada, Tarso respondeu: "Aí é um marginal infiltrado dentro da polícia, que até agora nós não localizamos. Assim como tem desvio de conduta de magistrado, de promotor, de médico, de advogado, pode ter de policial federal. Mas a PF, como instituição ,jamais vai fazer esse tipo de procedimento".
E completou: "Se forem confirmadas as informações de que esses grampos não são da PF, de que a Abin [Agência Brasileira de Inteligência] não tem esses aparatos, a nossa preocupação deve ser investigar duramente que delinqüentes. São esses que estão usando essas tecnologias para invadir privacidade e para escutar ministros. Certamente para utilizar essas informações como mercadoria criminosa".