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Costa (de capuz) é conduzido por policiais federais após ser preso no Rio de Janeiro | Agencia Brasil
Costa (de capuz) é conduzido por policiais federais após ser preso no Rio de Janeiro| Foto: Agencia Brasil

O caso

Costa havia sido preso em março por suposta destruição de provas

Paulo Ferracioli, especial para a Gazeta do Povo

A Operação Lava Jato foi deflagrada em 17 de março pela Polícia Federal para investigar um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado R$ 10 bilhões. Alguns suspeitos foram presos, entre eles o doleiro paranaense Alberto Youssef, com fortes ligações no meio político. Todos foram levados para a sede da PF de Curitiba, que centraliza as investigações. No dia 20 de março, a PF prendeu o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, sob a acusação de tentar destruir possíveis provas da Operação Lava Jato. Documentos obtidos pela PF apontam que ele pode ter recebido depósitos milionários do doleiro na conta de uma de suas empresas, a Costa Global.

Costa foi solto no dia 20 de maio por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, que também suspendeu liminarmente os inquéritos e ações penais da Lava Jato. A suspensão de Zavascki foi revista pelo STF anteontem e as investigações puderam ser retomadas.

Deputados

Com base nas investigações da Lava Jato, o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem mostrando que o deputado federal paranaense André Vargas (ex-PT) usou um avião fretado por Youssef para viajar de férias com a família. Posteriormente, Vargas passou a ser suspeito de fazer ­lobby em favor dos interesses do doleiro no governo federal.

A revelação da ligação de Vargas com o doleiro levou o deputado, posteriormente, a renunciar ao cargo de vice-presidente da Câmara e a se desfiliar do PT. Hoje, ele responde a processo no Conselho de Ética da Casa por quebra de decoro parlamentar. Além de Vargas, outros dois deputados são citados na Lava Jato: Luiz Argôlo (SDD-BA) e Cândido Vaccarezza (PT-SP).

O ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, investigado na Operação Lava Jato, foi preso ontem novamente pela Polícia Federal (PF). Costa estava na casa dele, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. A ordem de prisão preventiva foi expedida pelo juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, com base na informação, apurada pelo Ministério Público Federal (MPF), de que Costa teria milhões de dólares em contas bancárias no exterior (leia mais na reportagem abaixo).

A nova detenção de Costa ocorre apenas um dia após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter validado as investigações da Lava Jato e remetido os processos que não envolvem parlamentares federais para a Justiça Federal do Paraná. Segundo decisão do STF, apenas as investigações envolvendo deputados federais – que têm foro privilegiado – devem permanecer no Supremo. No inquérito da Lava Jato, são citados três parlamentares: André Var­gas (sem partido-PR), Cân­dido Vaccarezza (PT-SP) e Luiz Argôlo (SDD-BA).

O pedido para que o STF fosse responsável pelo caso havia sido formulado pela defesa do ex-diretor da Petrobras. No mês passado, o ministro Teori Zavascki acatou o pedido dos advogados de Costa. Ele, que estava preso desde março, foi solto na ocasião. Como a responsabilidade pela investigação voltou para a Justiça Federal do Paraná, Moro pôde pedir a nova prisão do ex-diretor.

Até o fechamento deste edição, Costa permanecia detido na Superintendência da PF no Rio. Mas ele será conduzido a Curitiba de avião.

Recurso

O advogado de defesa do ex-diretor da Petrobras, Nélio Machado, informou que vai recorrer da prisão preventiva de seu cliente. Machado adiantou que vai pedir que o cliente aguarde o julgamento em liberdade. "Essa prisão é uma precipitação, uma medida quase de justiçamento em detrimento das regras inerentes ao processo legal", afirmou.

O advogado também ques­tionou o pedido de prisão preventiva por causa de uma "suposta conta bancária" que Costa manteria no exterior. "Não tenho essa notícia. A prisão é resultado de informação que teria chegado ao conhecimento do juiz e que precisa ser provada. Isso deve ser apurado", disse Machado lembrando que os passaportes de seu cliente já foram entregues à Polícia Federal – descartando uma fuga de seu cliente.

Machado questionou ainda a decisão do STF de devolver o processo à Justiça Federal do Paraná sem que a defesa de Costa pudesse se manifestar no julgamento sobre a competência do caso, como já havia solicitado. "Insisto que a competência da Justiça Federal do Paraná é altamente questionável."

Suíça bloqueia US$ 23 milhões que seriam de Costa

Folhapress

A Justiça da Suíça bloqueou US$ 23 milhões (R$ 51,3 milhões) em contas bancárias que são atribuídas ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, investigado pela Operação Lava Jato no Brasil. A informação é do Ministério Público suíço, que informou as autoridades brasileiras sobre o bloqueio do montante.

No total, foram bloqueados US$ 28 milhões. Os US$ 5 milhões restantes são de familiares do ex-diretor da Petrobras e do doleiro Alberto Youssef. O doleiro é outro acusado de participar do esquema de lavagem de dinheiro investigado na Lava Jato, que teria movimentado R$ 10 bilhões.

Tanto as contas atribuídas a Costa como a de seus familiares e de Youssef estavam em nome de empresas estrangeiras sediadas em paraísos fiscais – um recurso usado para dificultar que as autoridades encontrem e sequestrem os valores.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, feita no dia 30 de maio, Costa negou que tivesse contas no exterior – embora entre os documentos apreendidos pela Polícia Federal no escritório de Youssef havia documentos de uma conta no banco PKB.

Desvio na refinaria

O bloqueio das contas foi pedido pelo Ministério Público da Suíça, por suspeitar que as contas foram alimentadas com recursos desviados da Petrobras durante a construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Costa era um dos responsáveis pela obra por ter sido diretor de abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012. A estimativa inicial para o custo da refinaria era de US$ 2,5 bilhões, mas a obra deve superar os US$ 18 bilhões.

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